As falhas do míssil Bullpup no Vietnã, onde teve um desempenho miseravelmente ruim, levou a estudos de uma nova arma para substituí-lo. Os estudos foram em duas direções, uma sendo as bombas guiadas a laser e por TV para atacar alvos fixos e outra para um míssil pequeno para atacar blindado, bunkers e outros alvos de campo de batalha.

Antes do Vietnã a USAF já tinha estudado um míssil semelhante no programa "Anti-Tank Guided Aircraft Rocket (ATGAR)" que gerou o míssil XAGM-64A Hornet em 1963 da North American. O Hornet era um foguete de combustível sólido com cauda em cruz e sensor eletro-ótico como os das bombas planadoras Walleye e HOBOS trancando no alvo antes do disparo. Os testes iniciaram em 1964. O requerimento mudou e o Hornet foi cancelado. Alguns foram usados para testar conceitos de seekers no inicio da década de 70.

Mesmo com as bombas guiadas a laser Paveway mostrando grande promessa como resposta a uma arma barata de precisão, a USAF não abandonou os projetos de guiamento ótico como a HOBOS assim como Walleye da US Navy. As bombas guiadas por TV podiam ter erros de guiamento, mas não era um problema contra alvos grandes com uma bomba de 900kg, mas era problema contra blindados.

Nunca foi fácil atingir um blindado com uma aeronave. Até uma Paveway de 227kg precisa de um acerto quase direto, ou CEP de 5 metros, ou a tripulação pode apenas ficar tonta e com o blindado ainda utilizável. Com uma bomba de 900 kg será certamente destruído, mas as aeronaves táticas só levam duas bombas desse tamanho. A USAF queria uma arma para destruir muitos alvos em uma única missão.

Assim foi iniciado o projeto ZAGM-65 Maverick aprovado em 1965. O míssil deveria ser compacto para ser levado em grande quantidade, guiamento autônomo e grande precisão. Seis poderiam ser levado no F-4, que era o caça principal da época, e também seria levado pelo A-7 e F-111 usados em menores quantidades. Outro requerimento é ter capacidade de disparado em todas altitudes e até muito baixo.

O contrato preliminar foi dado para a North American Rockwell e para a Hughes. O desenvolvimento iniciou ainda em 1965. A Hughes (atual Raytheon) foi contrata em 1968. Em dezembro de 1969 foi feito o primeiro disparo guiado com acerto direto. A produção inicial de dois mil mísseis foi em julho de 1971 com entrada em serviço no fim de 1972.

A configuração do Maverick é similar a do míssil Falcon e foi realmente baseado na fuselagem do míssil. A Hughes já tinha testado uma versão ar-superfície do Falcon chamado AGM-76 ao mesmo tempo que iniciou os trabalhos com o Maverick para atingir o requerimento da USAF sem muito esforço ou problemas. A experiência com o sistema de guiamento e o piloto automático foram aproveitados. O AGM-76 foi projetado em 1966 como resposta rápida de uma arma anti-radar para atacar mísseis SAM no Vietnã. O sensor era o sensor passiva de banda S do Shrike e ogiva de 113 kg da bomba Mk81. Foi disparado do F-4D, A-6 e F-105F e não se sabe sobre seu uso operacional.

O AGM-65 Maverick é um míssil tático ar-superfície de guiamento EO, IR ou laser. O emprego primário é para apoio aéreo aproximado, mas também é usado para missões anti-carro, supressão de defesas e interdição. O Maverick foi projetado para uso contra blindados e alvos duros. As versões finais tem cabeça de guerra maior para ser usado também contra navios, bunkers e abrigos reforçados de aeronaves (HAS).

Todas as versões tem construção similar. O modelo básico tem quatro asas delta, quatro barbatanas controle e motor de duplo impulso. O motor foguete é o Thiokol TX-481 depois substituído pelo TX-633 com pouca fumaça.

O sensor de TV é designado DSU-27/B e também é usado pelo míssil SLAM. O sensor IIR é designado WGU-10/B e também é usado pelas bombas GBU-15V e pelo míssil SLAM.

A cabeça de guerra fica localizada logo atrás do seeker, mas com um túnel para permitir que o jato da explosão possa passar livremente. O penetrador do AGM-65F tem espoleta seletiva, para impacto ou penetração. O AGM-65A com cabeça de guerra Chamberlain ou Avco de 59kg é designada WDU-20/B. O AGM-65C e AGM-65D usa a cabeça de guerra Mk.19 de 113kg podendo atacar navios pequenos e alvos duros em terra. Com a Mk.19 o míssil precisa aumentar o comprimento em 102mm. O AGM-65E e o AGM-65G usam um penetrador de 136kg. Em dezembro de 1986 a USAF considerou a instalação de uma ogiva nuclear no Maverick.

O Maverick tem 2,5 metros de comprimento, diâmetro de 305mm e envergadura de 72cm. O peso no lançamento é de 210kg no modelo AGM-65A/B/H, 220kg no AGM-65D, 293kg no AGM-65E e 307kg no AGM-65F/G/J/K.

No disparo o piloto seleciona o míssil que faz o giroscópio ligar e um indicador luminoso na cabina avisa que está pronto. O piloto adquire o alvo visualmente, usa "uncage" com míssil procurando alvos e ativa o circuito de TV. A imagem de TV é mostrada com o piloto podendo apontar o míssil manobrando a aeronave com o míssil alinhado com a mira/HUD ou pelo vídeo do míssil apontado para a área geral do alvo. O piloto pressiona o botão de acompanhamento e espera até o alvo alinhar com a mina na TV ou HUD. Depois de soltar o botão o míssil está trancado e pode disparar. O processador de imagem do míssil avalia áreas de alto contraste da imagem e sente os movimentos relativos e gera sinais de correção de guiamento para manter o míssil alinhado com o alvo. O míssil é do tipo "dispare-e-esqueça" e o piloto fica livre para manobrar após o disparo.

A tática de disparo a baixa altitude é fazer uma subida para ter uma boa visão da área do alvo e aquisição do alvo. O disparo é geralmente feito em um mergulho suave. Inicialmente a imagem era mostrada na tela do radar, mas depois em mostradores multifuncionais (MFD). No F-4 o piloto aponta para o alvo e o operador de sistemas usa a tela do radar e controles do radar para adquirir o alvo. Após trancado o piloto dispara. O rastreador pode ser expandido para ser usado contra alvos maiores. O míssil sobe após o disparo para atacar o alvo por cima. As versão posteriores passaram a ter a opção de ataque direto se o alvo tiver coberto ou para evitar perder o trancamento no caso de nuvens baixas.

O alcance varia de acordo com a versão, mas o alcance mínimo pode ser de 1 km. O máximo é de mais de 25km a grande altitude, mas depende da capacidade do sensor e da visibilidade e tamanho do alvo. Na Guerra do Golfo em 1991 os AGM-65B eram disparados a 3-6 km enquanto o AGM-65D eram disparado a 7-14km de distância do alvo. O deserto não era assim tão ideal para disparo do AGM-65D devido a umidade, nuvens baixas e neblina. Os alvos também podiam estar frios como a terra e as paredes dos bunkers não davam bom contraste sempre. Alvos móveis podem estar se movendo a até 80 km/h (versão AGM-65G). O míssil é considerado preciso com um CEP nominal de 1,5 metros. Nos primeiros 1.221 disparos, demonstrou 86% de acerto e erro médio de 90 cm (CEP).

Versões

O Maverick foi o primeiro míssil "dispare-e-equeça" tático da USAF. Era uma arma avançada para a época por ser compacto, autônoma, levado em quantidade e com sensor estabilizado.

A primeira versão operacional do Maverick foi o AGM-65A guiada por TV. O seeker tinha um campo de visão de 5 graus que era ruim para atacar alvos pequenos e o piloto tinha que se aproximar muito do alvo. Também precisa de boas condições para disparo e era fácil perder o trancamento.

A experiência em combate no Vietnã logo mostrou problemas com o AGM-65. O alvo tinha que ser grande para ser visto pelo piloto e câmera de TV. Até em testes as vezes eram necessário várias passadas para conseguir ver o alvo e as vezes os pilotos voltaram por falta de combustível antes de encontrar o alvo. O alcance máximo é de 3 km na prática apesar do alcance teórico chegar a 13km voando lento e baixo no caso de um A-10. O piloto também precisa de 4-8 segundos para trancar podendo ser uma eternidade no campo de batalha. Outro problema era o míssil se guiar até contrastes próximos do alvo, chamados de "tactical bush" por ir para arbusto próximos do alvo.


O AGM-65A entrou em serviço em 1972. A produção inicial de 17 mil modelos AGM-65A foi completado em 1975 passando depois para outras versões.

A USAF planejou realizar 50 disparos por ano. Se 90% atingissem o alvo a Hughes receberia um bônus. A USAF sempre superou o limite com a Hughes recebendo a recompensa. Todos os disparos foram a baixa altitude como em um cenário na Europa e a maioria dos pilotos eram inexperiente no disparo do míssil.


Com a dificuldade do AGM-65A de engajar alvos pequenos logo foi desenvolvida a versão AGM-65B com campo de visão de 2,5 graus com novos óticos. A nova versão tinha um seeker com maior limite de movimentação e novos eletrônicos. O alcance de detecção de alvos era maior que o da visão ao contrario do modelo anterior onde o piloto adquiria o alvo visualmente primeiro.

O míssil também é chamado de "Scene Magnification" Maverick ou "Scene Mag". Também passou a ter a capacidade "Quick Draw" com um míssil disparado contra um alvo sendo seguido de outro sendo apontado automaticamente para o mesmo alvo para facilitar o ataque contra alvos próximos. Assim fica fácil apontar em rápida sucessão com pouco movimento do ponto de pontaria permitindo ataque múltiplo na mesma passada.

O desenvolvimento foi iniciado em 1975 com testes na Europa em 1977. O objetivo era fazer um blindado ficar grande no vídeo resolvendo o problema de trancamento. O modelo AGM-65B iniciou a produção em maio de 1980 indo até maio de 1984. O total de modelos AGM-65A e AGM-65B chegou a 31.022 mísseis. A produção do AGM-65B chegou a 200 mísseis por mês.

A versão AGM-65C tinha guiamento a laser com sensor da Rockwell. O desenvolvimento iniciou em janeiro de 1977 com testes em vôo no mesmo ano. Foi planejado para ser usado em missões de apoio aéreo aproximado para o USMC podendo ser apontado por um designador laser em terra como o ILS-NT200. O objetivo era facilitar o tempo de aquisição de alvos com o alvo já adquirido antes por tropas em terra. O míssil também podia ser apontado por designadores aéreos como o Pave Knife, Pave Penny, Pave Spike e Pave Tack. Com o uso de vários códigos no laser é possível o disparo em salva com vários designadores próximos.

A cabeça de guerra era maior com o modelo Mk18 de 113kg. O míssil foi cancelado após alguns disparos devido ao alto custo. A versão a laser entrou em serviço depois com o modelo AGM-65E.


O AGM-65B era uma melhoria e ainda não tinha capacidade qualquer tempo ou noturna e logo foi pensado em instalar um sensor infravermelho para dar capacidade noturna para o Maverick. O desenvolvimento teve muitos problemas, mas terminou com o modelo AGM-65D com um sensor da Hughes. O desenvolvimento foi iniciado em maio de 1977 com o primeiro disparo em outubro de 1983 e entrada em serviço em 1986. Os testes foram iniciados em janeiro de 1978 na Europa pelo F-4.

O sensor infravermelho deu novas capacidades como poder ver na fumaça do campo de batalha, o operador pode diferenciar alvos reais de alvos falsos ou tanque combustível cheio de vazio. O seeker tem capacidade de mudar o contraste de positivo ou negativo. O seeker pode ser apontado por um FLIR da aeronave ou um casulo de designação como o LANTIRN. O alcance de aquisição dobrou em relação aos modelos guiados por TV sendo mais rápido de adquirir e podendo ser disparado fora do alcance da maior ameaça da época que era o SA-8 Gecko. O seeker é designado WGU-10/B também sendo usado na bomba GBU-15 e no míssil AGM-84E.

O AGM-65D foi o primeiro modelo a ser equipado com motor de pouca fumaça Thiokol TX-633 com alcance máximo teórico de 20km. O AGM-65D-2 são modelos modernizados com sensor mais ágil e mais preciso contra alvo móveis.

A versão guiada por laser definitiva do Maverick é o AGM-65E também chamado de Laser Maverick (ou LMAV). O sensor é o WGU-9/B mais barato que o usado no AGM-65C. Foi a primeira versão equipada com a cabeça de guerra penetradora WDU-24/B de 136kg acionada pela espoleta FMU-135/B com opção de atraso para ser usada contra navios e bunkers.

A entrada em serviço foi em 1985 no USMC. O USMC usa para apoio aéreo aproximado próximo das tropas. A precisão tem que ser alta, com poucos danos colaterais e a identificação do alvo pode ser feita pelas tropas em terra que apontam o laser para o alvo sem deixar muitas dúvidas ou erros.

O laser pode ser designado em terra ou no ar com um laser codificado. A aeronave tem simbologia apropriada no HUD para disparo sem trancamento antes do disparo. Esta versão é considerada a precisa com CEP menor que um metro. Foi testado no AH-1W Cobra em 1990 e demonstrou a capacidade de disparo por helicópteros. Foi proposta a instalação de quatro mísseis no AH-64 Apache. A versão de treino cativo é a CATM-65E.

A versão AGM-65F foi desenvolvida para a US Navy sendo otimizada para atacar navios. O AGM-65F usa o sensor IIR do AGM-65D, a cabeça de guerra de 136kg, a propulsão do AGM-65E e um novo software de guiamento otimizado para alvos navais. Também está equipado com um SAD (Safing/Arming Device) para uso em navio com segurança. A espoleta tem opção de atraso ou contato. A entrada em serviço foi em 1989. A versão CATM-65F é usada para treino.

A USAF se interessou pela cabeça de guerra grande das versões navais e iniciou o projeto AGM-65G com o sensor IIR do AGM-65D e cabeça de guerra de 136kg do AGM-65E/F. A entrada em serviço foi em 1990.

O software permite uso contra alvos maiores podendo escolher um ponto especifico em alvos grandes com ajuda do novo piloto automático. Foi a primeira versão com opção de trajetória baixa para evitar nuvens e perder o trancamento. Também é bom contra blindados por ter uma grande cabeça de guerra. Os custos também diminuíram. O alcance mínimo é de 2km e o máximo de 25km. A entrada em serviço foi em 1989.

O AGM-65G2 é uma versão melhorada com novo algoritmo. Depois da experiência em Kosovo em 1999 foi adicionado a capacidade de melhor discriminação de pequenos alvos especialmente para ataque a baixa altitude e a curta distância. O sensor também é mais ágil. O AGM-65G2 teve o projeto completado em 1999 e 32 foram usados operacionalmente em Kosovo. Era esperado a modernização de 1.800 AGM-65G para o padrão G2 para a USAF.

O AGM-65D teve desempenho ruim no deserto durante a Guerra do Golfo devido ao calor excessivo. Assim foram iniciados os testes com TV CDD de 480x480 pixels para substituir os sensores de TV e IIR dos mísseis existentes com maior disponibilidade, maior distância de trancamento e melhor capacidade em locais com pouca luz, mas sem capacidade noturna.

O AGM-65H é uma versão da USAF testado com o sensor de TV CCD, ogiva menor de 57kg e novo motor. O novo sensor permite adquirir alvos em maiores distâncias e com pouca visibilidade, com melhor resolução e magnificação com dois campos de visão. O alcance é 6 km para disparo com trancamento antes do disparo, mas pode ser maior com trancamento após o disparo. A versão pode ser uma modernização de versões anteriores como o AGM-65B ou AGM-65D. Os mísseis bem armazenados ficam em ótima condição e até melhores que os mísseis novos que foram usados.

Os testes foram completos em 1996 com 36 disparos. Em 1997 foi planejado a compra de 250 mísseis e a modernização de mais 1.400 modelos AGM-65F e AGM-65G. A versão foi cancelada em favor do AGM-65K.

O AGM-65H foi planejado para ter uma versão com radar ativo de onda milimétrica. Os testes iniciaram em 1991 e terminou em 1993.

O AGM-65J é similar ao AGM-65H com TV CCD e ogiva maior de 136 kg ou equivalente ao AGM-65F com TV CCD. A versão equiparia as aeronaves do USMC e para disparo a partir de navios. A entrada em serviço estava planejada para dezembro de 2001, mas foi cancelado.

O AGM-65K seria equipado com um melhor sensor de TV CCD, mas com cabeça de guerra maior para a USAF. A versão não tem capacidade noturna, mas pode operar em baixa luminosidade. Em 1998 a Raytheon modernizou 1.200 mísseis AGM-65G com novo sensor TV CCD tendo planejado comprar 2.500 mísseis. Havia 7 mil armazenados do AGM-65A em bom estado na época.

Em 1997, a Raytheon propôs melhorias para o Maverick com um novo motor turbofan, asas maiores e alcance de até 75km no míssil Longhorn. O comprimento aumentou para 3,35 metros. O míssil recebeu guiamento de meio curto por GPS/INS e datalink com capacidade de trancamento após o disparo. A versão era baseada no AGM-65F e participou do programa Silent HARd Kill (SHARK) da USAF para uma arma capaz de atacar radares não emitindo (vencido pelo AGM-130). A versão não foi desenvolvida. A designação AGM-65L não é oficial e também é usada em uma proposta de uma versão com características furtivas, datalink, sensor IIR e aquisição automática de alvos.


Em 2004 a Raytheon propôs a instalação de um GPS/INS e datalink nos Maverick para dar capacidade de trancamento após o disparo. O míssil poderia equipar o F-35 onde seria levado internamente. O míssil voa até a área do alvo e tranca com a imagem enviada pelo datalink. O piloto pode controlar vários mísseis ao mesmo tempo ou uma aeronave dispara e outra aeronave controla os mísseis. O sistema de guiamento pode incluir zona de exclusão e se auto-destrói se voar nestes locais. O míssil precisaria de um motor maior e bateria para três minutos de vôo.

As versões AGM-65A/B/D/E/F/G entraram em serviço. Mais de 30 mil AGM-65A/B foram produzidos e mais 35 mil AGM-65D/E/F/G/H/J/K foram comprados. O Maverick é disparado no lançador LAU-117/A ou pelo lançador triplo LAU-88/A triplo.


Dados técnicos do AGM-65A/B/D/E/F/G:
AGM-65A/B AGM-65D AGM-65E AGM-65F/G
Comprimento 2,49 m
Envergadura 71,9 cm
Diametro 30,5 cm
Peso 209 kg 220 kg 285 kg 304 kg
Velocidade supersônico
Alcance > 27 km
Propulsão Foguete de combustível sólido Thiokol SR109-TC-1 Foguete de combustível sólido Thiokol SR114-TC-1 (ou Aerojet SR115-AJ-1)
Cabeça de Guerra 57 kg WDU-20/B (carga moldada) 136 kg WDU-24/B fragmentação-explosiva com capacidade de penetração



Custos

O Maverick custava em dólar de 1999 cerca de US$48 mil para o AGM-65A, US$64.100 para o AGM-65B, US$ 110.000 para o AGM-65C, US$111.000 para o AGM-65D, US$ 101,000 para o AGM-65E e US$ 269.000 para o AGM-65G.
Um AGM-65B custava US$ 60 mil em 1981 contra US$ 1.800 de dois segundos de tiros do canhão de 30mm do A-10 mas com mesma precisão por passada. Outra arma anti-carro da época era a bomba em cacho Rockeye com 247 cargas ocas. A Rockeye saturava uma área do tamanho de um campo de futebol, mas as ogivas pequenas eram fracas, apesar de ser possível kill múltiplo contra blindados próximos. O Maverick mostrou ser mais fácil de usar.

O Maverick foi integrado no F-4 Phantom, F-5 Tiger, F-15E Eagle, F-16 Fighting Falcon, F/A-18 Hornet, F-111, A-4 Skyhawk, A-6 Intruder, A-7 Corsair, Hawk, P-3 Orion, AV-8B Harrier II, Harrier GR Mk7, A-10, AJ 37 Viggen, JAS 39 Gripen, L-159 LCA e Hunter. Também foi integrado nos helicópteros AH-1W Cobra, SH-2G Seasprite e AH-64 Apache. O drone BGM-134 também recebeu o Maverick.

O Maverick foi vendido para a Alemanha, Arábia Saudita, Bahreim, Bélgica, Cingapura, Coréia do Sul, Dinamarca, Egito, Espanha, Filipinas, Grécia, Holanda, Irã, Itália, Iugoslávia, Jordânia, Kuwait, Quênia, Malásia, México, Marrocos, Noruega, Nova Zelândia, Paquistão, Portugal, Sudão, Suécia, Suíça, Taiwan, Tailândia, Tunísia, Turquia, Reino Unido, Venezuela e Vietnã.

Foi planejado o Euromav Europeu com a Alenia e Alemanha, mas não foi finalizado. A Suécia produziu o Maverick localmente com um sensor de TV modificado para o terreno Europeu.

A produção de mísseis novos para os EUA parou em 1999 após mais de 75 mil mísseis fabricados incluindo vendas externa. Compras recentes foram 156 AGM-65G/F para o Bahrein, Canadá, Itália e Turquia em 2001. Taiwan comprou 235 AGM-65G2 com lançadores e equipamentos em 2007 junto com mísseis AIM-120-C7.

O Reino Unido comprou o AGM-65G2 para equipar seus Harrier GR.7 após a experiência no conflito de Kosovo quando suas aeronaves tinham dificuldade de atacar alvos voando alto e a grande distância. Também queriam uma arma para usar em missões de apoio aéreo aproximado em cidades. Não se sabe quantos mísseis foram adquiridos no contrato de US$ 90 milhões com entrada em serviço em 2002.

Um total de 5.225 AGM-65G e 36 AGM-65F foram fabricados para a US Navy até abril de 1994. No fim de 1996 havia 9.243 AGM-65A, 5.912 AGM-65B, 10.400 AGM-65D e 9.055 AGM-65G no inventario da USAF. Na época 10% dos mísseis velhos disparados tinham defeito. Atualmente é usado apenas nos A-10, F-16 e F/A-18 nos EUA e deve permanecer no inventario por um bom tempo. Os mísseis AGM-65B armazenados estão em ótimas condições e podem ser convertidos com novos sensores de TV. Já foi planejado sua substituição com o programa Joint Commom Missile (JCM) e outros candidatos são a SDB e a Laser JDAM (LJDAM).



Uso em Combate

O primeiro uso em combate do Maverick foi no conflito do Vietnã em janeiro e fevereiro de 1973 com 13 acertos em 18 mísseis disparados. Era uma arma muito precisa e com uma cabeça de guerra muito potente sendo boa para inutilizar carros de combate.

Os pilotos que o usaram faziam parte do programa Rivet Haste que escolheu os melhores pilotos para pilotar os novos F-4E em Udorn. O primeiro alvo foi um caminhão em uma estrada. Os pilotos foram assediados por disparar uma arma de US$ 25 mil contra um caminhão velho de US$ 500. Depois foram ordenados só atacar veículos de esteira e entrada de cavernas de armazenamento de armas.

O Maverick foi usado com sucesso em 1973 por Israel na Guerra do Yom Kippur, mas em condições geralmente ruins. Foram mais de 50 disparos com 42 acertos, ou 84% de acerto, sem treinamento prévio pelos pilotos. Os Maverick foram levados para Israel rapidamente como parte da operação Nickel Grass.

Até março de 1983 foram mais 20 mísseis disparados com 20 acertos por Israel em escaramuças. O AGM-65A funcionou bem no tempo seco do deserto, mas esperavam que o mau tempo na Europa atrapalharia muito.

O Irã usou o Maverick em 1975 contra o Iraque com 12 mísseis disparados. Os AGM-65A do Irã eram disparados pelos F-4E. Depois usou novamente na guerra de 1980 a 1988. Um dos usos foi contra navios. No dia 19 de novembro de 1980 os F-4E atingiram 10 navios iraquianos no porto. Outros navios civis foram atingidos nos anos seguintes com danos diversos durante a guerra dos Petroleiros.

Na Guerra do Golfo de 1991 foram disparados mais de 5 mil mísseis Maverick. Cerca de 92% dos 5.300 mísseis Maverick disparados no Golfo foram pelos A-10, ou 4.801 mísseis. Os F-16, A-6E e AV-8B Harrier também usaram mas em menores quantidades. A razão de sucesso foi de 90% para as versões guiadas por TV e IIR e 60% para o de guiamento Laser do USMC.

Os modelos e quantidade de mísseis Maverick disparados na operação Desert Storm:

Modelo Quantidade Custo Unitário (US$) Custo Total (US$)
AGM-65B 1.673 64.100 107.239.300
AGM-65C 5 110.000 550.000
AGM-65D 3.405 111.000 377.955.000
AGM-65E 36 101.000 3.636.000
AGM-65G 177 269.000 47.613.000
Total 5.296 - 536.993.300
A USAF tinha 17 mil AGM-65A e AGM-65B durante a Guerra do Golfo. Os AGM-65D eram usados mais quando o contraste era inadequado para ataque com as versões guiadas por TV. A maioria dos alvos eram blindados e outros alvos fixos que não precisavam da bomba GBU-10.

A Hughes acelerou o desenvolvimento do AGM-65D lançado do helicóptero AH-1 Cobra em 1990 após a invasão do Kuwait. Testes em 1977 mostraram que operando junto com os A-10 os kill aumentavam 3-4 vezes que separado. Os helicópteros Cobra atacariam as defesas aéreas e os A-10 os blindados mais a retaguarda.

Um total de 152 aeronaves A-10 e OA-10 foram deslocados para o Golfo em 1991. As aeronaves fizeram interdição do campo de batalha, apoio aéreo aproximado, controle aéreo avançado e caçaram Scud. As missões de "tank killer" e "Scud hunter" eram as mais importantes. Nas missões de caçada aos mísseis Scud os AWACS avisavam de onde foi o ponto de lançamento de mísseis e os A-10 iam para o local para tentar encontrar e atacar o lançador. Os JSTAR também avisavam sobre movimentação de veículos e os A-10 iam dar uma olhada para identificar o alvo. Os A-10 também operavam em missões de busca e salvamento de combate (Sandy).

As missões de caça-tanque a noite eram realizadas com o AGM-65D guiado por infravermelho com sucesso. A imagem do míssil era usado para navegação, detecção e identificação de alvos. A imagem permitia detectar os blindados facilmente visto que esfriavam mais lentamente que o terreno ao redor. Contra coluna blindadas usavam a tática de atacar o primeiro e último veiculo para parar e forçar os outros a saírem da estrada onde ficavam mais lentos.

Os A-10 destruíram 987 carros de combate, 926 peças de artilharia, 500 veículos blindados, 1.106 caminhões, 112 estruturas militares, 96 instalações de radar, 72 bunkers, 51 lançadores Scud, 50 peças de artilharia antiaérea, 28 postos de comando, 11 lançadores de mísseis FROG, 9 bases de mísseis SAM, 8 caminhos cisterna, 12 aeronaves em terra e dois helicópteros no ar. Realizaram 8.500 saídas no total. O A-10 era lento e visível pelas tropas em terra, mas dava um efeito de terror pois durante as órbitas o inimigo não sabia qual era o alvo. Ficou até conhecido como sussurro da morte devido ao motor silencioso. Os alvos atacados a noite eram iluminados por uma aeronave que lançava um flare para outra.

o conflito de Kosovo em 1999 foram disparados 810 mísseis Maverick pelos A-10. Os A-10 eram usados para controle aéreo avançado sendo que oito aeronaves eram usadas para controlar pacotes de 40-50 aeronaves em Kosovo contra o Exército iugoslavo estacionado na região. Os mísseis Maverick ajudavam a detectar alvos e o sensor IIR ajudava a distinguir os alvos falsos dos verdadeiros. Os Maverick atacavam alvos caros como blindados e peças de artilharia enquanto os alvos leves eram atacados por bombas Mk82 e canhões de 30mm. Os Maverick eram usados para marcar a posição dos alvos para outras aeronaves assim como as bombas Mk82 e foguetes de fumaça.

Na operação Iraque Freedom em 2003 foram disparados 796 mísseis Maverick sendo 76 da versão AGM-65B mais antiga. Os outros era da versão IIR sendo 310 AGM-65D, 40 AGM-65G e 351 AGM-65G2. Outros 10 mísseis eram da versão AGM-65H com sensor de TV CCD/FPA. Foram disparados pelos A-10, AV-8B e Harrier GR.7. Os F/A-18 do USMC dispararam os AGM-65E guiado a laser.

Um S-3B disparou um AIM-65E contra o iate de Saddam de seis mil toneladas. Foi a primeira vez que um S-3 atacou um navio. Um F/A-18 designou o alvo com seu laser do Nite Hawk mirando na ponte de comando onde havia rádios que estavam sendo usados como centro de comunicação. As aeronaves fizeram uma passagem "seca" antes. Outras 14 bombas guiadas a laser e comuns atingiram navio que não afundou .

Os F/A-18 usaram muito os AGM-65E guiado a laser (LMAV - Laser Maverick) para apoio aéreo aproximado em local urbano. Era a arma preferida neste cenário. A cabeça de guerra se torna inerte se perder a designação laser diminuindo possíveis danos colaterais. Os americanos evitavam atacar construções pois teriam que ser reconstruídos depois.

O LMAV foi muito usado pelos Hornet no Kuwait e baseados no Golfo Pérsico. Os Hornet estacionados no mar Mediterrâneo só dispararam um míssil do tipo. O alvo era um furgão de comunicação considerado um alvo com premência de tempo (TST - Time Sensitive Target). O alvo estava escondido em Tikrit. A foto do alvo mostrou que estava no meio de um parque de diversão. Foi atacado no dia 10 de abril. A missão incluía evitar danos colaterais e usar uma arma com o menor padrão de fragmentação sendo escolhido o LMAV. O alvo foi iluminado por um F-14D do VF-213 atuando como controlador aéreo avançado e foi atacado por um Hornet do VFA-201. A ameaça de mísseis SAM era grande e dois F/A-18 e um EA-6B Prowler fariam supressão de defesas. O alvo foi destruído com sucesso.

Em 2007 a USAF lançou um requerimento para entrada em serviço rápido de uma arma contra alvos móveis e para apoio aéreo aproximado com pequena ogiva. O AGM-65E foi logo escolhido sendo que recebeu alguns mísseis emprestados antes de receber os novos de fábrica.


Fonte: http://sistemadearmas.sites.uol.com.br