O Nordeste está em paz, mas no cenário virtual da CRUZEX C2 2012 a situação é bem diferente. Todos os dias, mais de 60 aeronaves decolam do país Azul, que no mapa de verdade está entre Pernambuco e a região leste do Rio Grande do Norte (RN), para atacar alvos no país vermelho, que na vida real fica no Ceará.
Os caças da coalizão praticamente já dizimaram a Força Aérea Vermelha: só no primeiro dia cinco F-5M do país fictício foram "destruídos" por caças da coalizão e mais 4 A-29 foram "derrubados" enquanto apoiavam as ações das forças vermelhas no território do fictício país Amarelo, onde na realidade está o Oeste do RN.
Apesar desse esforço, cinco dias depois de iniciada a ofensiva, o setor de inteligência da coalizão informa que caças F-5M continuam decolando de Coremas e Cajazeiras, que no mapa de verdade ficam na Paraíba, e que nessa guerra simulada aparecem já bem perto do país Amarelo.
Mas os vermelhos têm pouca chance na guerra aérea. Do outro lado, são mais de 50 caças supersônicos da coalizão, entre F-16, F-2000, Rafale, Gripen e F-5M, simulados de acordo com os 13 países que participam da CRUZEX C2 2012. Há ainda aeronaves de ataque, como os A-37, IA-58, A-10, A-29 e o A-1M, além de helicópteros H-60L e aviões que cumprem outras missões, como os KC-135, KC-130, E-99, R-99, C-98 e C-130 Hércules.
Todos os dias, essa frota sai em missões chamadas de "pacotes". Dezenas de aeronaves decolam juntas, cada uma com sua missão: caças de ataque vão destruir alvos considerados estratégicos, enquanto aviões mais lentos ajudam as ações em terra e supersônicos atuam na proteção contra os caças inimigos. Mais afastados, aviões de controle do espaço aéreo (E-99) e reabastecedores (KC-130, KC-135) ficam na retaguarda.
A ação acontece apenas na tela dos computadores, mas segue os princípios de Comando e Controle de operações reais. O resultado de cada missão é decidido pela direção do exercício com o objetivo de ajudar no treinamento dos responsáveis pelo planejamento. Também há missões específicas, como a infiltração de tropas especiais com helicópteros e a interferência nas emissões eletromagnéticas dos inimigos.
A sexta edição do Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX), maior operação militar combinada da América do Sul, pela primeira vez será exclusivamente voltada para ações de comando e controle. Ou seja, as aeronaves cedem espaço para os recursos tecnológicos utilizados no treinamento virtual, onde serão testados diferentes ciclos decisórios na análise de problemas militares simulados.
Neste ano, o exercício realizado de 4 a 16 de novembro na Base Aérea de Natal (BANT), terá número recorde de países participantes: 12. Além do Brasil, militares da Argentina, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Peru, Suécia, Uruguai e Venezuela participarão do exercício. A única nação observadora será Portugal.
Ao todo, serão 300 militares brasileiros e estrangeiros, além de aproximadamente 1.800 militares do efetivo da BANT, que darão apoio durante todo o exercício. Esta é a primeira vez que britânicos, canadenses e suecos virão para a CRUZEX.
Coordenada pela Força Aérea Brasileira (FAB), a CRUZEX tem como objetivo treinar forças aéreas no planejamento de operações combinadas. A FAB segue o modelo empregado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em conflitos internacionais. Os militares brasileiros e estrangeiros poderão treinar no contexto de uma moderna estrutura de comando e controle unificado, além de trocarem experiências e conhecimentos.
Desde a sua última edição, em 2010, a CRUZEX passou por mudanças importantes. Uma delas é dividir o exercício em duas versões distintas: uma voltada para a atividade de Comando e Controle, exercitando o planejamento de uma Força Aérea Componente, e outra visando essencialmente o treinamento de pilotos e tripulações em missões de combate. O objetivo de ter dois exercícios com focos diferentes é buscar a redução de custos e a maximização do aprendizado.
Na integra por FAB
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