Combate
No dia 26 de março de 1999, os capitães Hwuang e McMurray faziam DCA (Defensive Counter Air) na Boznia-Herzegovinia com seus caças F-15C Eagle quando tiveram um contato radar a 37 milhas (68,52Km) que voava a 6 mil pés (1.828 m), em direção ao sul a 600 nós (1.111,2 Km/h) , as 16:02h. Hwuang não conseguiu fazer EID (identificação do alvo melhorada) e o alvo também não foi detectado pelo AWACS. Passaram a voar paralelo ao alvo e aceleraram a Mach 1 ( 1.225 Km/h) em direção ao sul voando dentro da fronteira.
Depois de um minuto, cobrindo cerca de 10 milhas (18,52 Km), Hwuang e seu ala viraram para oeste tentando cortar o caminho do contato que estava a 70 graus, a 37NM ( 68,52 Km) de distância, voando a 23 mil pés ( 7.010,4 metros), voando direto para eles para oeste. A 30NM (55,56 Km) o contato foi classificado como sendo um MiG-29. O ala manteve o acompanhamento e fez busca de área para sanitizar o espaço aéreo ao redor. O alvo desceu para 10 mil pés (3,048 metros), virando para noroeste. Hwuang passou a ficar atrás na manobra para perseguir e comandou o alijamento dos tanques externos. O AWACS anunciou que eram dois contatos em fila
Neste momento os contatos estavam a uma distância de 20NM (37,04 Km) e voavam a 18 mil pés (5.486 m) quando o ala McMurray chamou Fox 3 (disparou um AMRAAM). Hwuang travou no líder a 17NM (31,48 Km) e disparo outro AMRAAM no modo HDTWS (High Data Track-while-scan) a 16NM (29.63 Km). Logo depois passou para o outro alvo (segundo Mig) e disparou outro AMRAAM. Hwuang manteve o modo HDTWS até 10NM (18.52 Km).
Os alvos estavam virando para sul e descendo não parecendo que tiveram um aviso de alerta radar. Os F-15 inverteram e se direcionaram para os Mig para manter o designador de alvos dentro do HUD na descida em "pure pursuit". Hwuang desacelerou e viu o alvo a 6-7NM (11.112 - 12.964 Km). Pensando ser o ala passou a procurar o líder a frente. Tentou disparar um AIM-9 mas não conseguiu um tom. Pouco depois viu o líder explodir na altura da estrutura do canopi e o ala logo explodir depois a frente. O míssil de McMurray não conseguiu atingir seu alvo e Hwang conseguiu o primeiro kill duplo com o AMRAAM. Os pilotos iugoslavos Major Slobodon ejetou e o capitão de Primeira Classe Radosavljevic foi morto.
Hwuang e McMurray seguiram a doutrina da USAF: manobra para deslocamento, checar EID, disparo, manobra F-Pole, deslocamento novamente ou direto para o alvo se ele estiver a menos de 10 NM (18.25 Km), e prepara para entrar em combate aproximado se necessário. Os dois não fizeram F-Pole pois estava vencendo e não estavam sendo atacados, e estava a cerca de 10NM (18,25 Km), não podendo virar e correr com o F-15.
Descrição da comunicação da Tripulação do combate:
Dirk One - (F-15C, número de série 86-0156)
Piloto: - Capitão Jeffrey C. J. Hwang (Dirk1)
Dirk Two - (F-15C, número de série 84-0014- Ala
Piloto: -Capitão J. "Boomer" McMurray (Dirk2)
Magic Seven-seven - AWACs E-3 Sentry (Magic77)
Termos em brevitycode:
Bogey/Bandit- Aeronave inimiga
Bullseye - Código secreto de localização dado uma certa direção do centro dobullseye, distancia do centro, altitude, e direção de vôo. Ex: 254 (direção), 45 (milhas), 23 centenas (altitude), para o oeste (direção)
Fox Three- Anunciando que um AIM-120 foi lançado
Picture- Situação atual (alguma ameaça ao redor)
Splash- Kill e número de kill (ex. Splash Two significa dois inimigos destruídos)
Transcrição:
Magic77- "All clean, Magic Seven-seven, Magic, clean, bulls, zero-three-zero, forty-five. (Tudo limpo, magic 77, Magic, limpo "Código" 030 (proa) 83,34 Km)
Magic77- "Magic break break. All clean. Magic, picture, bogey bulls zero-two-zero, forty-five, westbound, twenty thousand, radar track." (Magic Vire vire, Tudo limpo, Magic, uma panorâmica, "Código" 020 (proa)à 83,34 Km à Oeste em 6.096 metros, Marque radar)
Dirk1- "Verify contact there. Arm hot. Magic, Dirk, request purple onion." (verifique contato 3. Armados, Magic Dirk, pedindo requisição para engajamento.)
Magic77- "Standby." (Espera)
Dirk2- "Contact there."(Contato 3)
Dirk1- "(? walked on) two MiG-29's." (adquirido 02 Mig 29)
Dirk2- "One-four, forty-five, twenty-three thousand!" (14 (proa) à 83,34 km em 7.010 metros de altitude)
Magic77- "Magic, the same contact, bogey, radar, twenty-two thousand." (Magic, tenho alguns contatos, "Código" radar 6.705 metros de altitude)
Dirk1- "Dirk Two, Threat hostile, hostile. Dirk Two, engage there. Bogey, bandit maneuvring northbound." ( Dirt 2, contato hostil, hostil. Dirk 2 intercepte eles "Código" Bandido manobrando em curso norte)
Dirk2- "Two show's same. Two's engaged." (2 contato idêntico, 2 interceptando)
Dirk1- "Press." (alvo marcado)
Dirk2- "Zero-five-five, twenty-four BRA, twenty thousand." (055- 44,448 Km BravoRomeuAlpha, 6096,02 metros)
Dirk1- "Dirk come back in." (Dirk, venha para min)
Magic77- "Maneuvring north, twenty-four thousand. Magic has two contact." (Manobrando para norte, 7.315 metros (Alt). Magic tenho dois contatos)
Dirk1- "Copy, two contacts there." (Copiado, dois contados posicionados)
Dirk2- "Fox Three!" (Míssil lançado AMARAAM fox 3)
Magic??- "I have, ah, Frank Three-five up. That's about it. It's all yours. Ahw, he's descending to two-three-zero, if he's not there already." (extranious comm, not related to incident. It is from an AWACs flight, a combat air controller is switching shifts, and his relief is giving him the picture. The recorder of this comm might have switched frequencies, and in the mean time, Dirk1 probably launched his 2 AIM-120s, since there is no mention of this till "Splash 2!")
("Eu tenho, ah, Frank para 35 (proa) acima . Você está sobre ele. Ele é todo seu. Ahw, ele está descendo para 230 proa, se ele, não é já." (falha de transmissão/recebimento comm, não relacionados com a incidente. É a partir de um vôo AWACs, um controlador aéreo de combate faz uma mudança de frequência modular, e recebe a panorâmica do teatro de operação . O gravador deste comm poderia ter mudado as frequências, e nesse meio tempo, Dirk1 provavelmente lançou seus dois AIM-120, uma vez que não há nenhuma menção a este até acerto no alvo 2 "splash2!").
Magic77- "One bandit is turning hot. (?) Forty-one." ( Um bandido em curva de manobra de defesa ? proa 41)
Dirk2- "Eighteen thousand, nose eight miles." ( 24.384 metros com proa de 14.816 Km)
Dirk1- "Dirk One, tally one nose." (Dirk 1, intercepte na frente da sua proa)
Magic77- "He's at, twenty-four thousand, southbound." ( Ele está, 7.315 metros de Altitude entrando no curso Sul "180")
Dirk1- "Splash Two! Splash Two! MiG-29! Bullseye, three-six-zero, thirty-six! ? radar." ( Alvo acertado "splash 2!" Mig 29 "Código" 360 (proa)- 36 proa)
Magic77- "You copied the Splash Two?" (Vocês copiaram o acerto no alvo?)
Dirk1- "A-firm, Splash Two!" (Afirmativo, alvo aniquilado)
Magic77- "Eighty-five, picture clean, picture clean. Clean, give me the bogey's position. Magic, roger, bulls zero-zero-five, thirty-five east bound." (25.908 metros, panorâmica limpa, Limpa pegue o "código" de posição. Magic, OK "código" 005 (proa), 64,82 Km curso leste)
************************************
O F-86 entrou em combate durante a Guerra da Coréia. Foi o primeiro caça capaz de voar mais de 1.000km/h e acima de 12 mil metros, mas ainda era armado com seis metralhadoras. Com muitas aeronaves no ar ainda precisavam de identificação visual para atacar, mas com armas de alcance limitado o fratricídio era raro. A tática era adquirir o inimigo visualmente, ejetar os tanques e manobrar para posição de tiro. A aeronave era uma plataforma de canhão aéreo. Para ter sucesso era necessário conseguir manobrar no setor traseiro do inimigo, ou se atacado, conseguir manobrar para o kill ou fugir.
O combate BVR fez o combate aéreo ficar muito mais complicado e com muito mais variáveis a observar. Na época da Coréia, com o aparecimento dos mísseis, pensava-se que seria uma troca de tiro entre dois lados o que mostrou ser totalmente incorreto durante o conflito do Vietnã por diversos fatores. Agora é mais complicado que um jogo de xadrez, e não só com uso de manobras especificas. É um combate bastante fluido e dinâmico, em um ambiente que muda constantemente.
O conceito de combate BVR (Beyond Visual Range) sempre considerou que o combate seria dominado pelos sensores internos, sensores externos, armas e guerra eletrônica, enquanto o combate aproximado era dominado pela relação peso:potência e carga alar que determinam a manobrabilidade de um caça.
A superioridade aérea é a missão primária de uma Força Aérea moderna. Por isso os mísseis ar-ar são um fator crítico que podem determinar o resultado de uma batalha aérea. Mesmo o caça mais ágil equipado com sistemas excelentes tem pouca utilidade se não estiver equipado com as armas adequadas.
O paradigma da superioridade aéreo é dirigido pelos avanços da tecnologia. Uma mudança em uma tecnologia leva a adaptações em outros. Na época que os caças eram equipados apenas com um canhão, era melhor ter um canhão melhor, e uma aeronave melhor com um motor mais potente para atingir o alvo. Este era o padrão até o fim da Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia. Com o surgimento dos mísseis ar-ar tudo começou a mudar.
O surgimento dos mísseis profetizou o fim dos caças na década de 1960, mas este conceito foi precipitado. Já na Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia se previa que o combate aéreo seria na base do aperto de botões e disparo de mísseis. A Guerra do Vietnã mostrou que a manobrabilidade era ainda importante para se evadir dos mísseis. Isso resultou na evolução da fuselagem, propulsão, sensores e táticas para acompanhar a evolução dos mísseis.
Os mísseis ar-ar de longo alcance agora são o centro das operações de superioridade aérea. Entraram em operações em grandes caças com grandes radares como o F-15 e MiG-25 e junto com os mísseis superfície ar (SAM) levaram ao desenvolvimento da furtividade.
Táticas BVR
É relativamente fácil encontrar literatura sobre táticas de combate aéreo aproximado, mas sobre táticas de combate aéreo a longa distância (BVR - Beyond Visual Range) é raro. O combate BVR começou ainda na década de 50, relacionado com o desenvolvimento da tecnologia, doutrina, técnicas e ainda está relacionado com os canhões e mísseis de curto alcance.
Ao contrário do que parece, o combate BVR não é tão simples como um avião vindo um em direção ao outro e disparando mísseis. Os textos abaixo são completados por outros artigos no Sistema de Armas como Guerra Eletrônica, Datalinks, Sistemas de Identificação Amigo/Inimigo, IRST, Guerra Furtiva e mísseis ar-ar. Os artigos são típicos de currículos como o Top Gun da US Navy ensinados aos seus pilotos de caça.
O combate BVR é dividido em cinco fases: detecção, aproximação, manobra, ataque e desengajamento. Todas são importantes e dependem de táticas adequadas. A mais importante é a detecção. Tudo depende do sucesso ou falha na detecção. O alcance do próprio radar e de meios de apoio passa a ser importante. Em cada fase são usadas táticas próprias e dependem de vários fatores.
As táticas tradicionalmente giram em torno de aproveitar os próprios pontos positivos e explorar as fraquezas inimigas e no combate BVR não é diferente. Iudir, despistar e esconder também faz parte do jogo. Para terem um bom desempenho em todas as fases os pilotos devem usar a aeronave e sensores adequadamente, e conhecer suas vantagens e desvantagens, assim como as armas e aeronaves inimigas. Deve saber voar em formação, trabalhar em equipe, usar manobras e despistamento, designar alvos, identificar alvos e usar contramedidas eletrônicas.
Se bem feito, um engajamento BVR continua sendo BVR e é este o objetivo. Se você tiver que usar o canhão ou girar é porque algo deu errado. As vezes uma "briga de faca" é preferível, mas está fora do escopo deste artigo.
Detecção
O processo de detecção começa com os serviços de inteligência dando alertas de futuras operações, estado de alerta e prontidão do inimigo, ordem de batalha e até alerta de decolagem. Este processo é chamado de "conscientização". Primeiro é preciso saber se pode existir aeronaves inimigas próximo e se podem ser detectadas. A detecção é a confirmação de um alvo no radar ou indicado por outro meio. Convém lembrar dos B-2 decolando nos EUA ou caças na Itália, para atacar a Iugoslávia em 1999, e foram alertados por telefone por espiões colocados próximos as bases.
Os métodos primários de detecção são o radar e visual. O método visual é irrelevante no combate BVR. O alerta e detecção de teatro são dados principalmente por radares em terra (GCI - Ground Control Interception) e aeronaves de alerta antecipado (AWACS). Foi o AWACS que deu a primeira capacidade de ataque furtivo aos caças americanos podendo atacar sem ligar seus radares. O motivo é bem simples, com um radar ligado o alerta radar (RWR) inimigo vai detectá-lo e até identificá-lo no dobro da distância do alcance do seu radar. Com um AWACS fica relativamente simples armar emboscadas para o inimigo sem ligar seu próprio radar. Outro método são os sistemas de inteligência de sinais (SIGINT) e de comunicações (COMINT) que podem mostrar dados detalhados sobre tipo de aeronave, intenção e direção.
Os caças podem fazer busca com seu radar, mas tentam evitar para não dar alerta ao inimigo sobre a quantidade e tipo de aeronaves. O padrão de busca dos radares de caça são vários. Os caças podem dividir os campos de busca com outros caças, ou área, e atuar junto com radares GCI e AWACS.
O ponto fraco do radar é o operador. A incapacidade de detectar está geralmente ligado ao fato de olhar para o lado errado do céu. Antes do vôo é preparado um plano de varredura. O céu a frente de uma esquadrilha é dividido em blocos de altitude e alcance para cada membro do vôo cobrir em cada parte do vôo. No caso de duas aeronaves o líder pode varrer a média e grande altitude e o ala baixo a media altitude. Se fazem parte de um pacote de ataque podem deixar a varredura de longo alcance para as escoltas. Em uma BARCAP pode ser alternado a direção em uma órbita maximizando a cobertura. No caso de quatro aeronaves a divisão é mais complexa podendo ser duplicado a proposta acima, mas mudando para a lateral esquerda e direita. Varrer a mesma área é perda de recurso e o inimigo detecta quatro aeronaves com seus sistemas de alerta radar.
O modo de radar TWS (track-while-scan) ,ou varre enquanto busca, foi um grande avanço com os caças podendo atacar e fazer busca ao mesmo tempo, não dando alerta de ataque ao inimigo. Mas o modo TWS é um compromisso pois a qualidade do sinal depende da quantidade de alvos. É bom para ter boa consciência situacional, mas não tão bom para resolução de tiro como o modo STT (Single Target Track). Modos de avaliação de incursão permite determinar se um contato é na verdade duas aeronaves voando coladas e evitar algumas surpresas desagradáveis.
No combate aéreo aproximado, a detecção visual é feita a 5-9km. Com o radar é feito a até 50-100km. Com dados passados de fonte externa, o alcance pode chegar a várias centenas de quilômetros. A manobra para engajar (aproximação) é feita a 250m/s. Uma distância de 10km é coberta em 40 segundos. Todo tempo ganho passa a ser uma vantagem.
Com um datalink protegido contra interferência para trocar informações de sensores entre os usuários, as informações necessárias como quadro aéreo tático, situação terrestre e eletrônica adicionais também passaram a serem mostradas na cabine. Os datalinks não costumam ser bom para operações com pacotes com muitas aeronaves agrupadas em uma pequena região.
O radar do AWG-9 do F-14 pode rastrear 24 alvos, mas o mostrador TID (Tactical Information Display) mostra apenas seis para poder ser lido de forma compreensível. O alcance máximo mostrado no TID é de 740km com os dados recebidos pelo datalink. Outros F-14, aeronaves E-2 e o navio-aeródromo também podiam "datalincar" outro alvos.
Os russos usam muito táticas de ataque BVR com uso de sensores passivos para detecção de alvos (RWR e IRST) com uso de datalink a partir de um radar GCI ou AWACS. Uma formação de quatro caças (chamado Zveno) MiG-31 com cada um a 200km um do outro cobre uma frente de 800km com o radar Foxhound. As quatro aeronaves agem como mini-AWACS de apoio mutuo para criar um grande quadro. Os dados são passados pelo datalink e podem ser repassados para o AK-RLDN. Podem atacar os alvos detectados com 16 mísseis R-33 disponíveis na formação sem se preocupar em engajar o mesmo alvo. O MiG-31 pode fazer engajamento cooperativo passando alvos para os MiG-29. Possivelmente o líder pode "voar" outras aeronaves na formação enviando comando de guiamento que são entrados nos pilotos automáticos SAU-155M das outras três aeronaves. O MiG-31 também pode fazer interceptação semi-automática por oficial controlador em terra (geralmente um piloto qualificado), que passa comando de guiamento pelo datalink 5U15K-11.
A tática dos MiG-31 russos é ter uma boa separação lateral em áreas sem cobertura GCI ou AWACS. Os alvos previstos eram bombardeiros B-52, B-1B, F-111, mísseis cruise e até aeronaves P-3 ou F-16 da Noruega devido a área de atuação. O alerta pode ser a decolagem nos EUA. Nestes cenários os MiG-31 não precisam de manobrabilidade, mas de um bom radar, longo alcance e boa carga de mísseis. As regras de engajamento favorecem os ataques a longa distância pois tudo que vem do outro lado é inimigo.
As táticas básicas de interceptação soviética usam controle centralizado. Estas táticas enfatizam a interceptação a partir de uma boa posição para disparo com mísseis de guiamento infravermelho. O MiG-29 e Su-27 podem receber indicação de tiro no HUD por datalink de radar em terra. O caça pode usar o IRST para acompanhar o alvo sem emitir. O sensor IR também compensa a pobre capacidade de contra-contramedidas eletrônicas (ECCM) dos radares russos. Com o disparo de mísseis aos pares, cada de com um tipo de sensor, contra um único alvo, também maximiza as chances de acerto.
Com o uso de datalink é possível usar apenas um caça fazendo busca ativa com o radar enquanto os outros ficam só na escuta. Os datalinks táticos permitem que uma aeronave fora do alcance dos mísseis passe dados para outra aeronave próxima do inimigo e com seu radares desligado. Esta tática é chamada de ataque silencioso. Com datalink o piloto não precisa dizer para outro onde o inimigo está. Os datalinks passam dados rapidamente, direto no sistema de controle de tiro do ala e são difíceis de interferir. O líder da formação sabe qual alvo cada caça está engajando e evita que dois caças ataquem o mesmo alvo.
Os F-16AM belgas realizaram manobras com os F-15 da USAF em 1998, sem que os pilotos americanos soubessem qual o modelo de F-16 estavam combatendo. Os pilotos dos F-16 realizaram ataques "silenciosos" com o AMRAAM usando o datalink IDM e deram uma susto desagradável nos pilotos dos Eagles.
Os F-15 também caíram vítimas do Link 16 em 1997. Nos exercícios em Nellis, os Tornados F.3 da RAF equipados com o JTIDS/Link 16 e controlados pelos E-3F da RAF derrotaram os F-15 da USAF nos testes do datalink. O E-3F usava o radar e o sistema ESM para detectar os alvos e passava as informações por JTIDS para os Tornados planejarem seus ataques. Um após o outro, os F-15 eram derrotados pelos Tornados. Os Tornados ficavam passivos e disparavam o AMRAAM sem ativar o radar. Os pilotos americanos não sabiam o que estava acontecendo, ao contrário dos britânicos. Os caças F-15 tiveram pouco ou nenhum alerta e não puderam se defender. Os testes com o Link 16 mostrou que ele pode aumentar o "kill ratio" ar-ar em três vezes de dia ou quatro vezes de noite.
O datalink permite proteção contra escuta das transmissões de rádio por sistemas de SIGINT/COMINT evitando que sejam usadas pelo inimigo, ao mesmo tempo que permite que sejam transmitidas transmissões de voz não encriptadas para confundir o inimigo.
As táticas de controladores de caças para os caças de Terceira e Quarta Geração é muito diferente das gerações anteriores pois estes caças tem um radar e mísseis bem melhores. Antes era praticamente ajudar em um posicionamento traseiro para disparo com canhão e depois com mísseis (eram tail aspect apenas). Os pilotos agora podem escolher as táticas de acordo com as regras de engajamento, com o líder escolhendo os critérios de execução, geometria de interceptação, filosofia de disparo e designação de alvos graças ao maior alcance e novos modos de operação dos seus radares.
Durante o briefing os pilotos detalham as tarefas como quem procura que lado e em qual altitude; se um ataca o outra sanitiza a área ao redor com o radar para evitar emboscada. Caso seja necessário um caça pode tentar conversão para identificação visual por trás e outro ataca de frente.
A capacidade dos radares de caças variam muito de um modelo para outro devido a requerimentos de projeto. O AWG-9 do F-14 foi projetado para ver através de uma grande barragem de interferência enquanto o APG-63 do F-15 Eagle seria auxiliado por radares GCI ou AWACS. A potência de saída do AWG-9 era de 10.2. kW contra 5.2kW do APG-63 e 1.0kW do F-4J da US navy. O F-14 tinha mais capacidade de operar de forma autônoma bem longe dos porta-aviões e para isso tem dois tripulantes enquanto o F-15 era menos autônomo e monoposto por operar geralmente com apoio externo.
Como nem todos os caças tem bons radares, alguns países agrupam tipos diferentes de aeronaves para otimizar suas capacidades. Os alemães colocavam seus MiG-29 para atuar junto com os F-4F Phantom. Os F-4F cobriam a arena BVR onde tinham um radar e mísseis melhores enquanto o MiG-29 cobre a arena a curta distância onde é mais manobrável e tem melhores armas (R-73 e mira no capacete). O Irã faz o mesmo com o F-14 e seus MiG-29.
O uso de caças como mini-AWACS está se tornando freqüente com caças equipados com radares melhores. O Irã adaptou alguns Tomcats para a missão e eram usados para direcionar outros caças. Os Israelenses usaram o F-15 como mini-AWACS em 1982 no Vale de Bekaa para dar uma visão mais detalhada ao redor dos combates. Ficava a distância e sanitizava a área de combate sobre a presença de caças e pontos cegos do AWACS. O F-22A é a mais nova aeronave a ter esta capacidade por ter um ótimo radar e já testou em exercícios apoiando os F-15 e F-16.
Ter um bom radar é sempre bom pois em geralmente não se tem apoio de aeronaves AWACS ou radares em terra nas missões de penetração a longa distância. Israel criou uma rede de radares em terra que permitiu substituir os E-2 Hawkeye, mas comprou o G550 AEW para apoiar missões ofensivas em território inimigo. Possivelmente pode operar em território inimigo o que raramente ocorre com as aeronaves AWACS.
O uso de radares de varredura eletrônica ativa (sigla AESA em inglês) permite desenvolver novas táticas. Uma tática nova é ter dois caças trabalhando junto com seus radares. Enquanto um usa a antena do radar para jammear, cegando inimigo, o ala usa o radar para detecção e atacar.
Conseguir surpresa pode ser impossível com os novos radares e sensores de alerta radar (RWR). Os dois lados sabem da presença do inimigo com as emissões de radar sendo detectadas pelos MAGE e RWR. Sistemas mais modernos podem até dar a posição aproximada e identificar o alvo com precisão. As vezes apenas a emissão do radar é suficiente para o inimigo fugir de medo como aconteceu com as emissões dos Mirage 2000 do Peru em 1996 contra o Equador, ou dos MiG-29 e Mirage 2000 da Índia contra o Paquistão no conflito de 1999 em na região de Kargil, ou dos Flanker chineses contra os caças de Taiwan, e funcionou com freqüência com os Tomcats iranianos contra os caças iraquianos na década de 1980.
A tecnologia de mísseis que permite o combate aéreo a longa distância (BVR) existe desde da década de 50, mas suas vantagens táticas tem sido subtilizadas por motivos políticas e operacionais: não convém disparar seus mísseis se não souber ser o alvo é realmente inimigo. O motivo é evitar fogo amigo, fratricídio ou "blue-on-blue", situação considerada inaceitável. No Vietnã os caças estavam equipados com mísseis de longo alcance, mas para evitar fratricídio não ocorreram combates a longa distância e foram poucos engajamentos noturnos.
Depois de detectados os alvos tem que ser avaliados se são amigos ou inimigos, quantos são, tipo de formação e o que estão fazendo. Sistemas de IFF, modos de radar NCTR, apoio do AWACS e aeronaves de vigilância eletrônica, planejamento de missão e gerenciamento de batalha ajudam a identificar o alvo. Enquanto radares de longo alcance (GCI) e AWACS dão informações genéricas como informar sobre a presença de um grupo de aeronaves em uma certa posição, os radares dos caças devem ser mais precisos para avaliar quantos são e de que tipo.
Decidido a continuar o engajamento (push para continuar ou bug out - fugir), o próximo passo é dividir os alvos. Cada membro deve estar consciente e ter identificação positiva do alvo na área de responsabilidade. Esta parte pode ser complicado pela comunicação. Os pilotos usam técnicas breves como a classificação lateral usando a tela do radar para descrever a situação tática. Também pode ser separação vertical (lead e trail). O objetivo sempre é evitar atacar um alvo com duas aeronaves e deixar outra sem ser atacada.
s regras de engajamento (ROE) vão influenciar as fases seguintes sendo o principal fator que afeta os engajamentos. O principal determinante é saber se a operação é ofensiva ou defensiva. Ao determinar as regras de engajamento no Golfo em 1991 foi considerado os tipos de meios aéreos, as aeronaves do inimigo e os recursos do AWACS e Rivet Joint (de inteligência de comunicações).
Os caças podem realizar superioridade aérea desde um conflito de grande intensidade até conflitos de baixa intensidade, ou missões de paz. No último caso o combate a longa distância será pouco provável devido a presença constante de aviões civis no teatro de operação com risco inaceitável de fratricídio ao mesmo tempo que existe pouca ameaça as tropas. A identificação visual positiva será prioritária. Como as patrulhas nas Zonas de exclusão aérea se tornaram os cenários mais comum, as aeronaves voam muito e com muito desgaste. A maior ameaça serão os mísseis SAM e leva a manobras evasivas agressivas. O radar interno fica mais valorizado e compensa investir em radares confiáveis.
As táticas de formação de combate estão relacionadas com a manobrabilidade, opção de curva, e cobertura visual e não é só "seguir o líder". As aeronave de caça atuam pelo menos em dupla (elemento na USAF ou seção na US Navy) ou duas duplas (esquadrilha USAF e divisão na US Navy).
O tipo de formação pode ser otimizado para fazer uma buscar autônoma em uma área maior. Com duas aeronaves voando muito perto a busca fica limitada. A separação pode ser horizontal ou vertical. Separação horizontal e vertical ao mesmo tempo é ainda melhor e atrapalha o processo de busca do inimigo. Com uma separação muito espaçada é possível criar táticas para se aproximar fora do cone do radar inimigo.
Algumas formações são para otimizar o poder ofensivo. Os Sptifire da RAF voavam em formação em "V" com três caças. Se o líder disparar os alas também irão disparar e aumentar o poder do armamento fraco do Spitfire contra bombardeiros. O problema é que as escolta ficava atrás e os alas não cobriam esta área. Esta formação é usada também por aeronaves de bombardeiro e ataque também para aumentar a concentração das armas. No combate BVR uma formação cerrada pode ser usada por aeronaves com mísseis com guiamento semi-ativos para atacar formações inimigas simulando engajamento múltiplo.
Para maximizar a capacidade de defesa o ala tem que tirar o olho do líder e por isso tem que espalhar a formação. Em linha é melhor para proteção mútua e a distância varia com a ameaça. Na época dos combates só com metralhadoras e canhão o inimigo tinha que se aproximar bastante. Com os mísseis ar-ar esta distância aumentou em pelo menos cinco vezes e tinha que espalhar mais a formação. Geralmente não se consegue ver diretamente para trás, mas cerca de até 60 graus. Obviamente que voando baixo o alcance dos mísseis diminuía e também podiam diminuir a distância da formação. Outro fator é o tamanho da aeronave que se for pequena não vai poder ficar muito longe.
Aproximação e Manobra
Estudos da BAe System de 1996, sobre os mísseis BVR do futuro, mostram que a mais de 40km o inimigo está livre para manobrar sem se preocupar em ser engajado. Existe uma máxima que diz que não existe míssil que não possa ser evitado com manobras quando disparado no alcance máximo. Além de 40km os mísseis estão sem energia para derrotar manobras evasivas. Com as armas da época os engajamentos seriam entre 15 a 40 km na maioria das vezes. Os mísseis mais antigos eram letais a apenas 8km por terem menos energia. Entre 8 a 15km os caças ainda podiam evitar um encontro se estiverem em posição desfavorável.
Este estudo, feito com simulações em computadores, levou a adoção do míssil Meteor no programa BVRAAM. O Meteor terá alcance maior e maior energia a longa distância, com zona sem escapatória (NEZ) bem maior. Ainda pode engajar com sucesso alvos a 80km. O míssil terá datalink de duas vias para confirmar se encontrou o alvo. A França realizou estudos semelhantes e chegou a mesma conclusão, passando a equipar os Rafale com o Meteor complementando o MICA.
Os britânicos também concluíram que o ASRAAM deveria priorizar a velocidade para destruir o inimigo antes que este tenha oportunidade de disparar seus mísseis de curto alcance, além de ser bom em manobrabilidade para combate aproximado. Mísseis como o IRIS-T e AIM-9X priorizam apenas a manobrabilidade no combate aproximado.
O objetivo da interceptação é se aproximar do alvo e colocá-lo dentro do envelope das armas, ao mesmo tempo em que não dá chances do inimigo fazer o mesmo. No caso dos canhões o objetivo era ficar na traseira do alvo. Com os mísseis BVR é bem mais fácil por terem um envelope muito maior, mas tem que considerar também o envelope dos mísseis do inimigo, junto com todos os fatores que influenciam estes envelopes, o que vai complicar tudo. São vários os fatores que influenciam a fase de aproximação e manobra como altitude e velocidade da aeronave lançadora e envelope de utilização dos mísseis.
A altitude e velocidade são importantes para os caças e mísseis ar-ar. Os mísseis são mais efetivos contra alvo voando alto ou a baixa velocidade. Também é mais seguro voar baixo e rápido. O dilema é buscar a combinação de altitude, velocidade e geometria de encontro para maximizar as próprias forças e minimizar as do inimigo.
A altitude de operação é dividida em tem alta (acima de 30 mil pés), média (entre 10 a 30 mil pés) e baixa (menos de 10 mil pés). Voar alto otimiza o alcance de detecção contra alvos voando baixo e aumenta o alcance dos mísseis. Subir e acelerar são duas medidas para melhorar o alcance das armas, aumentando a energia cinética com o caça sendo usado como segundo estágio dos mísseis. O alcance dos mísseis aumenta ainda mais se a aeronave acelerar. O problema é que voar muito alto atrapalha a manobrabilidade tornando a aeronave muito vulnerável em caso de ataque. O Rafale, por exemplo, tem uma razão de curva sustentada de 3,3 graus por segundo voando a Mach 1.4 a 40 mil pés, contra 19,2 graus por segundo a Mach 0,7 no nível do mar, ou seja, consegue fazer uma curva de 180 graus em cerca de 9 segundos a baixa altitude contra 55 segundos a grande altitude.
Em um cenário de aproximação, um caça pode subir para forçar o outro a subir e perder energia. Quem sobe bem tem vantagem nesta manobra. O caça que perder muita energia não vai ter muita energia para disparar seus mísseis ou evadir mísseis e o ar rarefeito atrapalhar mais ainda as manobras evasivas.
Voar baixo é ideal contra inimigos sem apoio de aeronaves AWACS, para evitar detecção, e funciona melhor ainda se os caças adversários não forem equipado com radares com capacidade de olhar e disparar para baixo (look down/shot down) ou se estiverem desligados. Em um combate contra os MiG-23 líbios em 1989, os F-14 desceram para ficar abaixo dos caças líbios para que os seus radares tivessem mais dificuldade de detectar um alvo no meio dos retornos do ruído de fundo.
Voar baixo também diminui o alcance dos mísseis de longo alcance tanto para quem atira para baixo quanto para quem vai atirar para o alto. Em uma perseguição por trás a baixa altitude o alcance dos mísseis de médio alcance gira em torno de 5 km. A baixa altitude sempre se considera que haverá um "merge" após o disparo devido a pequena NEZ dos mísseis nesta altitude.
No Vietnã os MiGs voavam a baixa altitude para explorar estas fraquezas das armas americanas. Os radares não tinham capacidade de olhar e disparar para baixo, os AWACS também não tinham esta capacidade e os mísseis funcionavam mal a baixa altitude. Israel também usa táticas de voar baixo, lançar nuvens de chaff, ligar as contramedidas eletrônicas e depois subir atrás dos MiGs sírios. Os Iranianos também voavam baixo pois os caças iraquianos não eram bons para engajar alvos voando baixo.
No caso de uma aeronave com grande energia agilidade/combustível mas pouca autonomia para lutar, o piloto pode escolher um vôo de curta duração e grande energia ou prolongar a luta voando baixo e com pouca energia. Voando baixo o piloto fica na defensiva, mas com duração de combate similar a de uma aeronave de grande energia.
O excesso de potência (ou SEP) é vital tanto no combate aproximado quanto na arena BVR. Velocidade supersônica raramente é importante. Isto já foi percebido no Vietnã quando os caças conseguiam manobrar para evitar os mísseis. Um caça deve ser bom para acelerar em linha reta e subir no perfil ótimo no inicio do engajamento. O objetivo é conseguir uma posição superior. Ter capacidade de sustentar curvas sem muita perda de energia também é ideal para o combate BVR.
Voar a média altitude é um bom compromisso entre alcance dos mísseis e capacidade de defesa, tendo a opção de subir ou descer de acordo com o cenário.
O piloto tem sempre que reconhecer o cenário em ofensivo (em posição de vantagem), defensivo (em posição de desvantagem) e neutro. Existem manobras para cada cenário. Sempre deve lançar chaff e/ou flare no defensivo ou após disparar para atrapalhar a reação do inimigo.
Última edição por Cnshark em Ter maio 06 2014, 06:46, editado 6 vez(es)