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Combate


Transcrição radiofônica Debriefing - Caixa Preta -  Combate Ar para Ar Parte 01 de 02 Npme




No dia 26 de março de 1999, os capitães Hwuang e McMurray faziam DCA (Defensive Counter Air) na Boznia-Herzegovinia com seus caças F-15C Eagle quando tiveram um contato radar a 37 milhas (68,52Km)  que voava a 6 mil pés (1.828 m), em direção ao sul a 600 nós (1.111,2 Km/h) , as 16:02h. Hwuang não conseguiu fazer EID (identificação do alvo melhorada) e o alvo também não foi detectado pelo AWACS. Passaram a voar paralelo ao alvo e aceleraram a Mach 1 ( 1.225 Km/h) em direção ao sul voando dentro da fronteira.

Depois de um minuto, cobrindo cerca de 10 milhas (18,52 Km), Hwuang e seu ala viraram para oeste tentando cortar o caminho do contato que estava a 70 graus, a 37NM  ( 68,52 Km) de distância, voando a 23 mil pés ( 7.010,4 metros), voando direto para eles para oeste. A 30NM  (55,56 Km) o contato foi classificado como sendo um MiG-29. O ala manteve o acompanhamento e fez busca de área para sanitizar o espaço aéreo ao redor. O alvo desceu para 10 mil pés (3,048 metros), virando para noroeste. Hwuang passou a ficar atrás na manobra para perseguir e comandou o alijamento dos tanques externos. O AWACS anunciou que eram dois contatos em fila

Neste momento os contatos estavam a uma distância de 20NM (37,04 Km) e voavam a 18 mil pés (5.486 m) quando o ala McMurray chamou Fox 3 (disparou um AMRAAM). Hwuang travou no líder a 17NM  (31,48 Km) e disparo outro AMRAAM no modo HDTWS (High Data Track-while-scan) a 16NM (29.63 Km). Logo depois passou para o outro alvo (segundo Mig) e disparou outro AMRAAM. Hwuang manteve o modo HDTWS até 10NM (18.52 Km).

Os alvos estavam virando para sul e descendo não parecendo que tiveram um aviso de alerta radar. Os F-15 inverteram e se direcionaram para os Mig para manter o designador de alvos dentro do HUD na descida em "pure pursuit". Hwuang desacelerou e viu o alvo a 6-7NM (11.112 - 12.964 Km).  Pensando ser o ala passou a procurar o líder a frente. Tentou disparar um AIM-9 mas não conseguiu um tom. Pouco depois viu o líder explodir na altura da estrutura do canopi e o ala logo explodir depois a frente. O míssil de McMurray não conseguiu atingir seu alvo e Hwang conseguiu o primeiro kill duplo com o AMRAAM. Os pilotos iugoslavos Major Slobodon ejetou e o capitão de Primeira Classe Radosavljevic foi morto.

Hwuang e McMurray seguiram a doutrina da USAF: manobra para deslocamento, checar EID, disparo, manobra F-Pole, deslocamento novamente ou direto para o alvo se ele estiver a menos de 10 NM (18.25 Km), e prepara para entrar em combate aproximado se necessário. Os dois não fizeram F-Pole pois estava vencendo e não estavam sendo atacados, e estava a cerca de 10NM (18,25 Km), não podendo virar e correr com o F-15.

Descrição da comunicação da Tripulação do combate:

Dirk One - (F-15C, número de série 86-0156)
Piloto: - Capitão Jeffrey C. J. Hwang (Dirk1)

Dirk Two - (F-15C, número de série 84-0014- Ala
Piloto: -Capitão J. "Boomer" McMurray (Dirk2)
Magic Seven-seven - AWACs E-3 Sentry (Magic77)

Termos em brevitycode:

Bogey/Bandit- Aeronave inimiga
Bullseye - Código secreto de localização dado uma certa direção do centro dobullseye, distancia do centro, altitude, e direção de vôo. Ex: 254 (direção), 45 (milhas), 23 centenas (altitude), para o oeste (direção)
Fox Three- Anunciando que um AIM-120 foi lançado
Picture- Situação atual (alguma ameaça ao redor)
Splash- Kill e número de kill (ex. Splash Two significa dois inimigos destruídos)

Transcrição:
Magic77- "All clean, Magic Seven-seven, Magic, clean, bulls, zero-three-zero, forty-five. (Tudo limpo, magic 77, Magic, limpo "Código" 030 (proa) 83,34 Km)
Magic77- "Magic break break. All clean. Magic, picture, bogey bulls zero-two-zero, forty-five, westbound, twenty thousand, radar track." (Magic Vire vire,  Tudo limpo, Magic, uma panorâmica, "Código" 020 (proa)à 83,34 Km à Oeste em  6.096 metros,  Marque radar)
Dirk1- "Verify contact there. Arm hot. Magic, Dirk, request purple onion." (verifique contato 3. Armados, Magic Dirk, pedindo requisição para engajamento.)
Magic77- "Standby." (Espera)
Dirk2- "Contact there."(Contato 3)
Dirk1- "(? walked on) two MiG-29's." (adquirido 02 Mig 29)
Dirk2- "One-four, forty-five, twenty-three thousand!" (14 (proa) à 83,34 km  em  7.010 metros de altitude)
Magic77- "Magic, the same contact, bogey, radar, twenty-two thousand." (Magic, tenho alguns contatos, "Código" radar 6.705 metros de altitude)
Dirk1- "Dirk Two, Threat hostile, hostile. Dirk Two, engage there. Bogey, bandit maneuvring northbound." ( Dirt 2, contato hostil, hostil. Dirk 2 intercepte eles "Código" Bandido manobrando em curso norte)
Dirk2- "Two show's same. Two's engaged." (2 contato idêntico, 2 interceptando)
Dirk1- "Press." (alvo marcado)
Dirk2- "Zero-five-five, twenty-four BRA, twenty thousand." (055- 44,448 Km BravoRomeuAlpha, 6096,02 metros)
Dirk1- "Dirk come back in." (Dirk, venha para min)
Magic77- "Maneuvring north, twenty-four thousand. Magic has two contact." (Manobrando para norte, 7.315 metros (Alt). Magic tenho dois contatos)
Dirk1- "Copy, two contacts there." (Copiado, dois  contados posicionados)
Dirk2- "Fox Three!" (Míssil lançado AMARAAM fox 3)
Magic??- "I have, ah, Frank Three-five up. That's about it. It's all yours. Ahw, he's descending to two-three-zero, if he's not there already." (extranious comm, not related to incident. It is from an AWACs flight, a combat air controller is switching shifts, and his relief is giving him the picture. The recorder of this comm might have switched frequencies, and in the mean time, Dirk1 probably launched his 2 AIM-120s, since there is no mention of this till "Splash 2!")
("Eu tenho, ah, Frank para 35 (proa) acima . Você está sobre ele. Ele é todo seu. Ahw, ele está descendo para 230 proa, se ele, não é já." (falha de transmissão/recebimento comm, não relacionados com a incidente. É a partir de um vôo AWACs, um controlador aéreo de combate faz uma mudança de frequência modular, e recebe a panorâmica do teatro de operação . O gravador deste  comm  poderia ter mudado as frequências, e nesse meio tempo, Dirk1 provavelmente lançou seus dois AIM-120, uma vez que não há nenhuma menção a este até acerto no alvo 2 "splash2!").
Magic77- "One bandit is turning hot. (?) Forty-one." ( Um bandido em curva de manobra de defesa ? proa 41)
Dirk2- "Eighteen thousand, nose eight miles." ( 24.384 metros com proa de 14.816 Km)
Dirk1- "Dirk One, tally one nose." (Dirk 1, intercepte na frente da sua proa)
Magic77- "He's at, twenty-four thousand, southbound." ( Ele está, 7.315 metros de Altitude entrando no curso Sul "180")
Dirk1- "Splash Two! Splash Two! MiG-29! Bullseye, three-six-zero, thirty-six! ? radar." ( Alvo acertado "splash 2!" Mig 29 "Código" 360 (proa)- 36 proa)
Magic77- "You copied the Splash Two?" (Vocês copiaram o acerto no alvo?)
Dirk1- "A-firm, Splash Two!" (Afirmativo, alvo aniquilado)
Magic77- "Eighty-five, picture clean, picture clean. Clean, give me the bogey's position. Magic, roger, bulls zero-zero-five, thirty-five east bound." (25.908 metros, panorâmica limpa, Limpa pegue o "código" de posição. Magic, OK "código" 005 (proa), 64,82 Km  curso leste)


************************************

O F-86 entrou em combate durante a Guerra da Coréia. Foi o primeiro caça capaz de voar mais de 1.000km/h e acima de 12 mil metros, mas ainda era armado com seis metralhadoras. Com muitas aeronaves no ar ainda precisavam de identificação visual para atacar, mas com armas de alcance limitado o fratricídio era raro. A tática era adquirir o inimigo visualmente, ejetar os tanques e manobrar para posição de tiro. A aeronave era uma plataforma de canhão aéreo. Para ter sucesso era necessário conseguir manobrar no setor traseiro do inimigo, ou se atacado, conseguir manobrar para o kill ou fugir.

O combate BVR fez o combate aéreo ficar muito mais complicado e com muito mais variáveis a observar. Na época da Coréia, com o aparecimento dos mísseis, pensava-se que seria uma troca de tiro entre dois lados o que mostrou ser totalmente incorreto durante o conflito do Vietnã por diversos fatores. Agora é mais complicado que um jogo de xadrez, e não só com uso de manobras especificas. É um combate bastante fluido e dinâmico, em um ambiente que muda constantemente.

O conceito de combate BVR (Beyond Visual Range) sempre considerou que o combate seria dominado pelos sensores internos, sensores externos, armas e guerra eletrônica, enquanto o combate aproximado era dominado pela relação peso:potência e carga alar que determinam a manobrabilidade de um caça.

A superioridade aérea é a missão primária de uma Força Aérea moderna. Por isso os mísseis ar-ar são um fator crítico que podem determinar o resultado de uma batalha aérea. Mesmo o caça mais ágil equipado com sistemas excelentes tem pouca utilidade se não estiver equipado com as armas adequadas.

O paradigma da superioridade aéreo é dirigido pelos avanços da tecnologia. Uma mudança em uma tecnologia leva a adaptações em outros. Na época que os caças eram equipados apenas com um canhão, era melhor ter um canhão melhor, e uma aeronave melhor com um motor mais potente para atingir o alvo. Este era o padrão até o fim da Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia. Com o surgimento dos mísseis ar-ar tudo começou a mudar.

O surgimento dos mísseis profetizou o fim dos caças na década de 1960, mas este conceito foi precipitado. Já na Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia se previa que o combate aéreo seria na base do aperto de botões e disparo de mísseis. A Guerra do Vietnã mostrou que a manobrabilidade era ainda importante para se evadir dos mísseis. Isso resultou na evolução da fuselagem, propulsão, sensores e táticas para acompanhar a evolução dos mísseis.

Os mísseis ar-ar de longo alcance agora são o centro das operações de superioridade aérea. Entraram em operações em grandes caças com grandes radares como o F-15 e MiG-25 e junto com os mísseis superfície ar (SAM) levaram ao desenvolvimento da furtividade.


Táticas BVR

É relativamente fácil encontrar literatura sobre táticas de combate aéreo aproximado, mas sobre táticas de combate aéreo a longa distância (BVR - Beyond Visual Range) é raro. O combate BVR começou ainda na década de 50, relacionado com o desenvolvimento da tecnologia, doutrina, técnicas e ainda está relacionado com os canhões e mísseis de curto alcance.

Ao contrário do que parece, o combate BVR não é tão simples como um avião vindo um em direção ao outro e disparando mísseis. Os textos abaixo são completados por outros artigos no Sistema de Armas como Guerra Eletrônica, Datalinks, Sistemas de Identificação Amigo/Inimigo, IRST, Guerra Furtiva e mísseis ar-ar. Os artigos são típicos de currículos como o Top Gun da US Navy ensinados aos seus pilotos de caça.

O combate BVR é dividido em cinco fases: detecção, aproximação, manobra, ataque e desengajamento. Todas são importantes e dependem de táticas adequadas. A mais importante é a detecção. Tudo depende do sucesso ou falha na detecção. O alcance do próprio radar e de meios de apoio passa a ser importante. Em cada fase são usadas táticas próprias e dependem de vários fatores.

As táticas tradicionalmente giram em torno de aproveitar os próprios pontos positivos e explorar as fraquezas inimigas e no combate BVR não é diferente. Iudir, despistar e esconder também faz parte do jogo. Para terem um bom desempenho em todas as fases os pilotos devem usar a aeronave e sensores adequadamente, e conhecer suas vantagens e desvantagens, assim como as armas e aeronaves inimigas. Deve saber voar em formação, trabalhar em equipe, usar manobras e despistamento, designar alvos, identificar alvos e usar contramedidas eletrônicas.

Se bem feito, um engajamento BVR continua sendo BVR e é este o objetivo. Se você tiver que usar o canhão ou girar é porque algo deu errado. As vezes uma "briga de faca" é preferível, mas está fora do escopo deste artigo.

Detecção

O processo de detecção começa com os serviços de inteligência dando alertas de futuras operações, estado de alerta e prontidão do inimigo, ordem de batalha e até alerta de decolagem. Este processo é chamado de "conscientização". Primeiro é preciso saber se pode existir aeronaves inimigas próximo e se podem ser detectadas. A detecção é a confirmação de um alvo no radar ou indicado por outro meio. Convém lembrar dos B-2 decolando nos EUA ou caças na Itália, para atacar a Iugoslávia em 1999, e foram alertados por telefone por espiões colocados próximos as bases.

Os métodos primários de detecção são o radar e visual. O método visual é irrelevante no combate BVR. O alerta e detecção de teatro são dados principalmente por radares em terra (GCI - Ground Control Interception) e aeronaves de alerta antecipado (AWACS). Foi o AWACS que deu a primeira capacidade de ataque furtivo aos caças americanos podendo atacar sem ligar seus radares. O motivo é bem simples, com um radar ligado o alerta radar (RWR) inimigo vai detectá-lo e até identificá-lo no dobro da distância do alcance do seu radar. Com um AWACS fica relativamente simples armar emboscadas para o inimigo sem ligar seu próprio radar. Outro método são os sistemas de inteligência de sinais (SIGINT) e de comunicações (COMINT) que podem mostrar dados detalhados sobre tipo de aeronave, intenção e direção.

Os caças podem fazer busca com seu radar, mas tentam evitar para não dar alerta ao inimigo sobre a quantidade e tipo de aeronaves. O padrão de busca dos radares de caça são vários. Os caças podem dividir os campos de busca com outros caças, ou área, e atuar junto com radares GCI e AWACS.

O ponto fraco do radar é o operador. A incapacidade de detectar está geralmente ligado ao fato de olhar para o lado errado do céu. Antes do vôo é preparado um plano de varredura. O céu a frente de uma esquadrilha é dividido em blocos de altitude e alcance para cada membro do vôo cobrir em cada parte do vôo. No caso de duas aeronaves o líder pode varrer a média e grande altitude e o ala baixo a media altitude. Se fazem parte de um pacote de ataque podem deixar a varredura de longo alcance para as escoltas. Em uma BARCAP pode ser alternado a direção em uma órbita maximizando a cobertura.  No caso de quatro aeronaves a divisão é mais complexa podendo ser duplicado a proposta acima, mas mudando para a lateral esquerda e direita. Varrer a mesma área é perda de recurso e o inimigo detecta quatro aeronaves com seus sistemas de alerta radar.
O modo de radar TWS (track-while-scan) ,ou varre enquanto busca, foi um grande avanço com os caças podendo atacar e fazer busca ao mesmo tempo, não dando alerta de ataque ao inimigo. Mas o modo TWS é um compromisso pois a qualidade do sinal depende da quantidade de alvos. É bom para ter boa consciência situacional, mas não tão bom para resolução de tiro como o modo STT (Single Target Track). Modos de avaliação de incursão permite determinar se um contato é na verdade duas aeronaves voando coladas e evitar algumas surpresas desagradáveis.

No combate aéreo aproximado, a detecção visual é feita a 5-9km. Com o radar é feito a até 50-100km. Com dados passados de fonte externa, o alcance pode chegar a várias centenas de quilômetros. A manobra para engajar (aproximação) é feita a 250m/s. Uma distância de 10km é coberta em 40 segundos. Todo tempo ganho passa a ser uma vantagem.

Com um datalink protegido contra interferência para trocar informações de sensores entre os usuários, as informações necessárias como quadro aéreo tático, situação terrestre e eletrônica adicionais também passaram a serem mostradas na cabine. Os datalinks não costumam ser bom para operações com pacotes com muitas aeronaves agrupadas em uma pequena região.

O radar do AWG-9 do F-14 pode rastrear 24 alvos, mas o mostrador TID (Tactical Information Display) mostra apenas seis para poder ser lido de forma compreensível. O alcance máximo mostrado no TID é de 740km com os dados recebidos pelo datalink. Outros F-14, aeronaves E-2 e o navio-aeródromo também podiam "datalincar" outro alvos.

Os russos usam muito táticas de ataque BVR com uso de sensores passivos para detecção de alvos (RWR e IRST) com uso de datalink a partir de um radar GCI ou AWACS. Uma formação de quatro caças (chamado Zveno) MiG-31 com cada um a 200km um do outro cobre uma frente de 800km com o radar Foxhound. As quatro aeronaves agem como mini-AWACS de apoio mutuo para criar um grande quadro. Os dados são passados pelo datalink e podem ser repassados para o AK-RLDN. Podem atacar os alvos detectados com 16 mísseis R-33 disponíveis na formação sem se preocupar em engajar o mesmo alvo. O MiG-31 pode fazer engajamento cooperativo passando alvos para os MiG-29. Possivelmente o líder pode "voar" outras aeronaves na formação enviando comando de guiamento que são entrados nos pilotos automáticos SAU-155M das outras três aeronaves. O MiG-31 também pode fazer interceptação semi-automática por oficial controlador em terra (geralmente um piloto qualificado), que passa comando de guiamento pelo datalink 5U15K-11.

A tática dos MiG-31 russos é ter uma boa separação lateral em áreas sem cobertura GCI ou AWACS. Os alvos previstos eram bombardeiros B-52, B-1B, F-111, mísseis cruise e até aeronaves P-3 ou F-16 da Noruega devido a área de atuação. O alerta pode ser a decolagem nos EUA. Nestes cenários os MiG-31 não precisam de manobrabilidade, mas de um bom radar, longo alcance e boa carga de mísseis. As regras de engajamento favorecem os ataques a longa distância pois tudo que vem do outro lado é inimigo.

As táticas básicas de interceptação soviética usam controle centralizado. Estas táticas enfatizam a interceptação a partir de uma boa posição para disparo com mísseis de guiamento infravermelho. O MiG-29 e Su-27 podem receber indicação de tiro no HUD por datalink de radar em terra. O caça pode usar o IRST para acompanhar o alvo sem emitir. O sensor IR também compensa a pobre capacidade de contra-contramedidas eletrônicas (ECCM) dos radares russos. Com o disparo de mísseis aos pares, cada de com um tipo de sensor, contra um único alvo, também maximiza as chances de acerto.

Com o uso de datalink é possível usar apenas um caça fazendo busca ativa com o radar enquanto os outros ficam só na escuta. Os datalinks táticos permitem que uma aeronave fora do alcance dos mísseis passe dados para outra aeronave próxima do inimigo e com seu radares desligado. Esta tática é chamada de ataque silencioso. Com datalink o piloto não precisa dizer para outro onde o inimigo está. Os datalinks passam dados rapidamente, direto no sistema de controle de tiro do ala e são difíceis de interferir. O líder da formação sabe qual alvo cada caça está engajando e evita que dois caças ataquem o mesmo alvo.

Os F-16AM belgas realizaram manobras com os F-15 da USAF em 1998, sem que os pilotos americanos soubessem qual o modelo de F-16 estavam combatendo. Os pilotos dos F-16 realizaram ataques "silenciosos" com o AMRAAM usando o datalink IDM e deram uma susto desagradável nos pilotos dos Eagles.

Os F-15 também caíram vítimas do Link 16 em 1997. Nos exercícios em Nellis, os Tornados F.3 da RAF equipados com o JTIDS/Link 16 e controlados pelos E-3F da RAF derrotaram os F-15 da USAF nos testes do datalink. O E-3F usava o radar e o sistema ESM para detectar os alvos e passava as informações por JTIDS para os Tornados planejarem seus ataques. Um após o outro, os F-15 eram derrotados pelos Tornados. Os Tornados ficavam passivos e disparavam o AMRAAM sem ativar o radar. Os pilotos americanos não sabiam o que estava acontecendo, ao contrário dos britânicos. Os caças F-15 tiveram pouco ou nenhum alerta e não puderam se defender. Os testes com o Link 16 mostrou que ele pode aumentar o "kill ratio" ar-ar em três vezes de dia ou quatro vezes de noite.

O datalink permite proteção contra escuta das transmissões de rádio por sistemas de SIGINT/COMINT evitando que sejam usadas pelo inimigo, ao mesmo tempo que permite que sejam transmitidas transmissões de voz não encriptadas para confundir o inimigo.







As táticas de controladores de caças para os caças de Terceira e Quarta Geração é muito diferente das gerações anteriores pois estes caças tem um radar e mísseis bem melhores. Antes era praticamente ajudar em um posicionamento traseiro para disparo com canhão e depois com mísseis (eram tail aspect apenas). Os pilotos agora podem escolher as táticas de acordo com as regras de engajamento, com o líder escolhendo os critérios de execução, geometria de interceptação, filosofia de disparo e designação de alvos graças ao maior alcance e novos modos de operação dos seus radares.

Durante o briefing os pilotos detalham as tarefas como quem procura que lado e em qual altitude; se um ataca o outra sanitiza a área ao redor com o radar para evitar emboscada. Caso seja necessário um caça pode tentar conversão para identificação visual por trás e outro ataca de frente.

A capacidade dos radares de caças variam muito de um modelo para outro devido a requerimentos de projeto. O AWG-9 do F-14 foi projetado para ver através de uma grande barragem de interferência enquanto o APG-63 do F-15 Eagle seria auxiliado por radares GCI ou AWACS. A potência de saída do AWG-9 era de 10.2. kW contra 5.2kW do APG-63 e 1.0kW do F-4J da US navy. O F-14 tinha mais capacidade de operar de forma autônoma bem longe dos porta-aviões e para isso tem dois tripulantes enquanto o F-15 era menos autônomo e monoposto por operar geralmente com apoio externo.

Como nem todos os caças tem bons radares, alguns países agrupam tipos diferentes de aeronaves para otimizar suas capacidades. Os alemães colocavam seus MiG-29 para atuar junto com os F-4F Phantom. Os F-4F cobriam a arena BVR onde tinham um radar e mísseis melhores enquanto o MiG-29 cobre a arena a curta distância onde é mais manobrável e tem melhores armas (R-73 e mira no capacete). O Irã faz o mesmo com o F-14 e seus MiG-29.

O uso de caças como mini-AWACS está se tornando freqüente com caças equipados com radares melhores. O Irã adaptou alguns Tomcats para a missão e eram usados para direcionar outros caças. Os Israelenses usaram o F-15 como mini-AWACS em 1982 no Vale de Bekaa para dar uma visão mais detalhada ao redor dos combates. Ficava a distância e sanitizava a área de combate sobre a presença de caças e pontos cegos do AWACS. O F-22A é a mais nova aeronave a ter esta capacidade por ter um ótimo radar e já testou em exercícios apoiando os F-15 e F-16.

Ter um bom radar é sempre bom pois em geralmente não se tem apoio de aeronaves AWACS ou radares em terra nas missões de penetração a longa distância. Israel criou uma rede de radares em terra que permitiu substituir os E-2 Hawkeye, mas comprou o G550 AEW para apoiar missões ofensivas em território inimigo. Possivelmente pode operar em território inimigo o que raramente ocorre com as aeronaves AWACS.

O uso de radares de varredura eletrônica ativa (sigla AESA em inglês) permite desenvolver novas táticas. Uma tática nova é ter dois caças trabalhando junto com seus radares. Enquanto um usa a antena do radar para jammear, cegando inimigo, o ala usa o radar para detecção e atacar.

Conseguir surpresa pode ser impossível com os novos radares e sensores de alerta radar (RWR). Os dois lados sabem da presença do inimigo com as emissões de radar sendo detectadas pelos MAGE e RWR. Sistemas mais modernos podem até dar a posição aproximada e identificar o alvo com precisão. As vezes apenas a emissão do radar é suficiente para o inimigo fugir de medo como aconteceu com as emissões dos Mirage 2000 do Peru em 1996 contra o Equador, ou dos MiG-29 e Mirage 2000 da Índia contra o Paquistão no conflito de 1999 em na região de Kargil, ou dos Flanker chineses contra os caças de Taiwan, e funcionou com freqüência com os Tomcats iranianos contra os caças iraquianos na década de 1980.

A tecnologia de mísseis que permite o combate aéreo a longa distância (BVR) existe desde da década de 50, mas suas vantagens táticas tem sido subtilizadas por motivos políticas e operacionais: não convém disparar seus mísseis se não souber ser o alvo é realmente inimigo. O motivo é evitar fogo amigo, fratricídio ou "blue-on-blue", situação considerada inaceitável. No Vietnã os caças estavam equipados com mísseis de longo alcance, mas para evitar fratricídio não ocorreram combates a longa distância e foram poucos engajamentos noturnos.

Depois de detectados os alvos tem que ser avaliados se são amigos ou inimigos, quantos são, tipo de formação e o que estão fazendo. Sistemas de IFF, modos de radar NCTR, apoio do AWACS e aeronaves de vigilância eletrônica, planejamento de missão e gerenciamento de batalha ajudam a identificar o alvo. Enquanto radares de longo alcance (GCI) e AWACS dão informações genéricas como informar sobre a presença de um grupo de aeronaves em uma certa posição, os radares dos caças devem ser mais precisos para avaliar quantos são e de que tipo.
Decidido a continuar o engajamento (push para continuar ou bug out - fugir), o próximo passo é dividir os alvos. Cada membro deve estar consciente e ter identificação positiva do alvo na área de responsabilidade. Esta parte pode ser complicado pela comunicação. Os pilotos usam técnicas breves como a classificação lateral usando a tela do radar para descrever a situação tática. Também pode ser separação vertical (lead e trail). O objetivo sempre é evitar atacar um alvo com duas aeronaves e deixar outra sem ser atacada.




s regras de engajamento (ROE) vão influenciar as fases seguintes sendo o principal fator que afeta os engajamentos. O principal determinante é saber se a operação é ofensiva ou defensiva. Ao determinar as regras de engajamento no Golfo em 1991 foi considerado os tipos de meios aéreos, as aeronaves do inimigo e os recursos do AWACS e Rivet Joint (de inteligência de comunicações).

Os caças podem realizar superioridade aérea desde um conflito de grande intensidade até conflitos de baixa intensidade, ou missões de paz. No último caso o combate a longa distância será pouco provável devido a presença constante de aviões civis no teatro de operação com risco inaceitável de fratricídio ao mesmo tempo que existe pouca ameaça as tropas. A identificação visual positiva será prioritária. Como as patrulhas nas Zonas de exclusão aérea se tornaram os cenários mais comum, as aeronaves voam muito e com muito desgaste. A maior ameaça serão os mísseis SAM e leva a manobras evasivas agressivas. O radar interno fica mais valorizado e compensa investir em radares confiáveis.
As táticas de formação de combate estão relacionadas com a manobrabilidade, opção de curva, e cobertura visual e não é só "seguir o líder". As aeronave de caça atuam pelo menos em dupla (elemento na USAF ou seção na US Navy) ou duas duplas (esquadrilha USAF e divisão na US Navy).

O tipo de formação pode ser otimizado para fazer uma buscar autônoma em uma área maior. Com duas aeronaves voando muito perto a busca fica limitada. A separação pode ser horizontal ou vertical. Separação horizontal e vertical ao mesmo tempo é ainda melhor e atrapalha o processo de busca do inimigo. Com uma separação muito espaçada é possível criar táticas para se aproximar fora do cone do radar inimigo.

Algumas formações são para otimizar o poder ofensivo. Os Sptifire da RAF voavam em formação em "V" com três caças. Se o líder disparar os alas também irão disparar e aumentar o poder do armamento fraco do Spitfire contra bombardeiros. O problema é que as escolta ficava atrás e os alas não cobriam esta área. Esta formação é usada também por aeronaves de bombardeiro e ataque também para aumentar a concentração das armas. No combate BVR uma formação cerrada pode ser usada por aeronaves com mísseis com guiamento semi-ativos para atacar formações inimigas simulando engajamento múltiplo.

Para maximizar a capacidade de defesa o ala tem que tirar o olho do líder e por isso tem que espalhar a formação. Em linha é melhor para proteção mútua e a distância varia com a ameaça. Na época dos combates só com metralhadoras e canhão o inimigo tinha que se aproximar bastante. Com os mísseis ar-ar esta distância aumentou em pelo menos cinco vezes e tinha que espalhar mais a formação. Geralmente não se consegue ver diretamente para trás, mas cerca de até 60 graus. Obviamente que voando baixo o alcance dos mísseis diminuía e também podiam diminuir a distância da formação. Outro fator é o tamanho da aeronave que se for pequena não vai poder ficar muito longe.


Aproximação e Manobra
Estudos da BAe System de 1996, sobre os mísseis BVR do futuro, mostram que a mais de 40km o inimigo está livre para manobrar sem se preocupar em ser engajado. Existe uma máxima que diz que não existe míssil que não possa ser evitado com manobras quando disparado no alcance máximo. Além de 40km os mísseis estão sem energia para derrotar manobras evasivas. Com as armas da época os engajamentos seriam entre 15 a 40 km na maioria das vezes. Os mísseis mais antigos eram letais a apenas 8km por terem menos energia. Entre 8 a 15km os caças ainda podiam evitar um encontro se estiverem em posição desfavorável.

Este estudo, feito com simulações em computadores, levou a adoção do míssil Meteor no programa BVRAAM. O Meteor terá alcance maior e maior energia a longa distância, com zona sem escapatória (NEZ) bem maior. Ainda pode engajar com sucesso alvos a 80km. O míssil terá datalink de duas vias para confirmar se encontrou o alvo. A França realizou estudos semelhantes e chegou a mesma conclusão, passando a equipar os Rafale com o Meteor complementando o MICA.

Os britânicos também concluíram que o ASRAAM deveria priorizar a velocidade para destruir o inimigo antes que este tenha oportunidade de disparar seus mísseis de curto alcance, além de ser bom em manobrabilidade para combate aproximado. Mísseis como o IRIS-T e AIM-9X priorizam apenas a manobrabilidade no combate aproximado.

O objetivo da interceptação é se aproximar do alvo e colocá-lo dentro do envelope das armas, ao mesmo tempo em que não dá chances do inimigo fazer o mesmo. No caso dos canhões o objetivo era ficar na traseira do alvo. Com os mísseis BVR é bem mais fácil por terem um envelope muito maior, mas tem que considerar também o envelope dos mísseis do inimigo, junto com todos os fatores que influenciam estes envelopes, o que vai complicar tudo. São vários os fatores que influenciam a fase de aproximação e manobra como altitude e velocidade da aeronave lançadora e envelope de utilização dos mísseis.

A altitude e velocidade são importantes para os caças e mísseis ar-ar. Os mísseis são mais efetivos contra alvo voando alto ou a baixa velocidade. Também é mais seguro voar baixo e rápido. O dilema é buscar a combinação de altitude, velocidade e geometria de encontro para maximizar as próprias forças e minimizar as do inimigo.

A altitude de operação é dividida em tem alta (acima de 30 mil pés), média (entre 10 a 30 mil pés) e baixa (menos de 10 mil pés). Voar alto otimiza o alcance de detecção contra alvos voando baixo e aumenta o alcance dos mísseis. Subir e acelerar são duas medidas para melhorar o alcance das armas, aumentando a energia cinética com o caça sendo usado como segundo estágio dos mísseis. O alcance dos mísseis aumenta ainda mais se a aeronave acelerar. O problema é que voar muito alto atrapalha a manobrabilidade tornando a aeronave muito vulnerável em caso de ataque. O Rafale, por exemplo, tem uma razão de curva sustentada de 3,3 graus por segundo voando a Mach 1.4 a 40 mil pés, contra 19,2 graus por segundo a Mach 0,7 no nível do mar, ou seja, consegue fazer uma curva de 180 graus em cerca de 9 segundos a baixa altitude contra 55 segundos a grande altitude.

Em um cenário de aproximação, um caça pode subir para forçar o outro a subir e perder energia. Quem sobe bem tem vantagem nesta manobra. O caça que perder muita energia não vai ter muita energia para disparar seus mísseis ou evadir mísseis e o ar rarefeito atrapalhar mais ainda as manobras evasivas.

Voar baixo é ideal contra inimigos sem apoio de aeronaves AWACS, para evitar detecção, e funciona melhor ainda se os caças adversários não forem equipado com radares com capacidade de olhar e disparar para baixo (look down/shot down) ou se estiverem desligados. Em um combate contra os MiG-23 líbios em 1989, os F-14 desceram para ficar abaixo dos caças líbios para que os seus radares tivessem mais dificuldade de detectar um alvo no meio dos retornos do ruído de fundo.

Voar baixo também diminui o alcance dos mísseis de longo alcance tanto para quem atira para baixo quanto para quem vai atirar para o alto. Em uma perseguição por trás a baixa altitude o alcance dos mísseis de médio alcance gira em torno de 5 km. A baixa altitude sempre se considera que haverá um "merge" após o disparo devido a pequena NEZ dos mísseis nesta altitude.

No Vietnã os MiGs voavam a baixa altitude para explorar estas fraquezas das armas americanas. Os radares não tinham capacidade de olhar e disparar para baixo, os AWACS também não tinham esta capacidade e os mísseis funcionavam mal a baixa altitude. Israel também usa táticas de voar baixo, lançar nuvens de chaff, ligar as contramedidas eletrônicas e depois subir atrás dos MiGs sírios. Os Iranianos também voavam baixo pois os caças iraquianos não eram bons para engajar alvos voando baixo.

No caso de uma aeronave com grande energia agilidade/combustível mas pouca autonomia para lutar, o piloto pode escolher um vôo de curta duração e grande energia ou prolongar a luta voando baixo e com pouca energia. Voando baixo o piloto fica na defensiva, mas com duração de combate similar a de uma aeronave de grande energia.

O excesso de potência (ou SEP) é vital tanto no combate aproximado quanto na arena BVR. Velocidade supersônica raramente é importante. Isto já foi percebido no Vietnã quando os caças conseguiam manobrar para evitar os mísseis. Um caça deve ser bom para acelerar em linha reta e subir no perfil ótimo no inicio do engajamento. O objetivo é conseguir uma posição superior. Ter capacidade de sustentar curvas sem muita perda de energia também é ideal para o combate BVR.

Voar a média altitude é um bom compromisso entre alcance dos mísseis e capacidade de defesa, tendo a opção de subir ou descer de acordo com o cenário.

O piloto tem sempre que reconhecer o cenário em ofensivo (em posição de vantagem), defensivo (em posição de desvantagem) e neutro. Existem manobras para cada cenário. Sempre deve lançar chaff e/ou flare no defensivo ou após disparar para atrapalhar a reação do inimigo.

Última edição por Cnshark em Ter maio 06 2014, 06:46, editado 6 vez(es)

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Cenários onde a aeronave pode se encontrar em posição defensivas com freqüência é voar patrulhas de combate (CAPs), BARCAP, escolta de pacotes de ataque. Cenário ofensivo típico é fazer varredura de caças e interceptação.

O local onde a batalha ocorre também influencia as táticas. Sobre terra é possível usar o terreno como proteção contra detecção. O Chile usou o conhecimento do terreno contra US Navy em manobras no deserto de Atacama em 1996 com sucesso. A Suíça usa os Alpes para se esconder e atacar. Paises pequenos levam vantagem para usar o terreno ao seu favor, podendo até navegar no visual. Sobre o mar é mais difícil se esconder. Em mar aberto é possível deduzir que tudo que vem em uma certa direção é inimigo e facilitar o disparo de mísseis BVR. No mar não existe muito problema de aviação civil e fronteiras para se preocupar.

Condição de vantagem pode estar relacionada com o número de aeronaves no engajamento, podendo estar em inferioridade ou superioridade numérica ou em igualdade (os pilotos devem ser sempre bons em fazer contas). O tamanho da força pode ser local ou no teatro de operações. Por exemplo, no Vietnã, os vietnamitas estavam sempre em inferioridade numérica no ar e nunca decolaram com força total para superar os americanos em número absoluto o que seria relativamente fácil. Os MiGs preferiam usar táticas de atacar e correr contra os americanos devido a falta de bons pilotos e era bem eficiente.

A superioridade numérica pode ser superada pela superioridade qualitativa com sensores, armas e treinamento melhor. Os Tigres Voadores que lutaram na China durante a Segunda Guerra Mundial estavam quase sempre em desvantagem contra os japoneses. Os inimigos dos P-40 eram os Ki-27 "Nate" e Ki-43 "Oscar". Eram caças leves, mal armados e muito manobráveis. Os pilotos japoneses treinavam muito para combate aproximado e seriam melhores nesta arena. A resposta dos Tigres Voadores era só atacar se estivessem em posição de vantagem e atacavam e mergulhavam para acelerar. Os japoneses ficavam na defensiva com manobras e não conseguiam fugir ou perseguir por serem mais lentos. Os Tigres Voadores podia fazer ataques repetidos com pouco risco. Os Tigres Voadores conseguiram 230 kills em sete meses e a maioria dos alvos eram caças (80% era Ki-27).

Durante o engajamento os pilotos têm duas opções: perseguir ou defender. A decisão depende dos recursos como armas ar-ar, escoltas no pacote, defesas de caças e baterias de mísseis SAM amigos próximos. No caso de uma aeronave em missão de ataque dentro de um pacote, se o líder opta em atuar defensivo, pode desacelerar para deixar as escoltas engajar ou mudar de direção ou reverter curso por algum tempo. Pode até voltar para base.

Se resolve engajar irá aumentar a carga de trabalho do líder drasticamente. O ponto fraco sempre é a comunicação. Se a aeronave estiver carregando bombas não será boa para o combate aproximado, mas dependendo do inimigo pode não ser problema. Um F-16 pesado ainda não é problema para um MiG-23 no combate aproximado e pode conservar os mísseis de longo alcance escolhendo a arena visual para o combate. Os americanos usam classificações genéricas para os caças para fazer comparações. As categorias variam de 1 a 5 (Cat 1 a Cat 4) cada uma lembrando uma geração de caças. Assim o F-16C seria de Quarta Geração (CAT IV) e o MiG-23 de Segunda Geração (CAT II). Desse modo é possível prever que o inimigo não tem um bom radar pulso-Doppler nem tem manobrabilidade superior..

Na resposta defensiva deve considerar as prováveis armas inimigas. Se o inimigo tiver a mesma capacidade BVR deve iniciar logo o disparo dos mísseis até os mísseis se tornarem ativos (pitbull) e fugir. Se o inimigo for mais fraco deve continuar e preparar para engajar o inimigo na defensiva que escapou dos primeiros mísseis.

A qualidade das aeronaves inimigas leva a pensar em dois cenários principais de engajamento. Depois de determinar o tipo de alvo, é preciso determinar que tipo de armas deve estar usando e pensando sempre no pior. Se o alvo não tem mísseis BVR, só é necessário se aproximar, e melhor ainda contra alvos voando baixo. Ter um míssil melhor sempre gera menos demanda do piloto.

O cenário mais difícil é quando o alvo está armado com mísseis BVR tipo "dispare-e-esqueça", podendo disparar e fugir. Se o alvo estiver armado com mísseis de guiamento semi-ativo de longo alcance, não vai ser possível fugir depois de disparar. A vitória vai depender mais de trabalho em equipe e táticas. O combate vai lembrar o "jogo da galinha". As duas aeronaves voam em direção a outra e disparam um contra o outro. Se continuam voando para atualizar o míssil também voa contra o míssil inimigo. Por isso o trabalho em equipe é importante assim como disparar dentro da NEZ.

A outra tática é tentar um ataque de surpresa por trás e disparar, mas é efetivo só com as aeronaves furtivas. Radares GCI e AWACS tem a função de evitar ataques de surpresa para os dois lados.

Na fase de manobras o inimigo logo percebera o ataque. Serão três cenários possíveis. Primeiro o inimigo não reage ou não sabe que está sendo atacado e vai ser pego de surpresa. No segundo cenário ele foge, o que é bom pois negou o uso do espaço aéreo pelo menos momentaneamente ou não irá cumprir sua missão. Se fugir será perseguido até evitar o uso do espaço aéreo o máximo possível. Forçar o inimigo a abortar uma missão pode ser suficiente sendo chamado de "mission kill". No terceiro cenário o inimigo aponta o nariz em sua direção e tranca o radar o que significa que também está engajando. Nesta situação é bom ligar as contramedidas eletrônicas e supor que o inimigo deve estar fazer o mesmo.

Se for determinado que o inimigo deve estar equipado com mísseis BVR, e este míssil tem alcance maior que os seus, então é preciso pensar em jogar na defensiva. Em um cenário com o inimigo em posição indicativa de disparo, ainda sobram 12-15 segundos para evasão no alcance máximo. O que fazer nesta situação?

A primeira tática é fazer "beaming". O piloto faz uma curva rápida de alto "g" de 90 graus a esquerda ou direita para destruir a mudança Doppler do radar inimigo. O radar irá quebrar o trancamento e o míssil não conseguirá engajar se estiver sendo guiado por datalink. Fazer beaming também funciona contra mísseis que se tornam ativos. A manobra beaming também é chamada de "using de notch" (para Doppler Notch) sendo feita por curto períodos e tem que reavaliar o que o RWR mostra. Se o míssil ainda o persegue é melhor fugir e acelerar o que funciona a cerca de 20km de distância do míssil. Se a manobra beaming funcionar, é só voltar para readquirir o alvo e também engajar. Se não for possível ter boa consciência da situação é melhor fugir.




O efeito da manobra beaming ao radar é conhecido pela USAF desde 1978 durante os exercícios AIMVAL/ACEVAL em Nellis para determinar os requerimentos de mísseis ar-ar de próxima e que levou as especificações do AMRAAM e AIM-9X. A manobra beaming contra um caça pode ser na horizontal. Contra radar GCI ou mais de um radar inimigo tem que ser na vertical. Convém lançar chaff enquanto realiza a manobra.

Em um exercício entre os F-16 da USAF contra os MiG-29 da Hungria, os F-16 eram direcionadas um par contra cada MiG e atacariam com o AMRAAM. Na primeira missão, os MiG-29 usaram apoio de radares GCI, seu RWR e não emitiam com o radar. Voava a 200 metros de altura e lento, cerca de 400km/h, para evitar se detectado voando baixo. Ao chegarem a 40km de distância dos F-16 iniciaram as manobras beaming que funcionava a 60 graus voando lento. Sem detecção continua, e sem acompanhamento, os F-16 voando a 5 mil metros foram se aproximando. Um MiG-29 conseguiu contato visual contra o sol, em perfeito beaming a 90 graus e esperou os caças americanos passarem por cima. Depois engajou o pós-combustor, ligou o radar no modo de combate aproximado e realizou uma curva de 9 "g´s" atrás dos F-16. Foi quando os americanos conseguiram contato visual e fizeram um break iniciando combates a curta distância, mas já era tarde e o MiG disparou um R-73 a 2km. O ala estava longe e não pode ajudar.

Os MiG-29 não usaram jamming e nem chaff. Os húngaros nem podiam usar o chaff pois os animais comiam ao chegar no chão. Os americanos simplesmente esperavam um engajamento frente a frente e com um kill fácil com o AMRAAM. Na próxima missão o MiG-29 disparou o R-27R e os F-16 o AMRAAM. Nestes exercícios os F-16 não tinham apoio de aeronaves AWACS e sem ele a capacidade superior no BVR não ajudava muito.

Em 1997, durante a manobra Mistral I, os Mirage IIIE da FAB conseguiram ótimos resultados contra os Mirage 2000C franceses usando a manobra beaming na vertical. Os Mirages da FAB não tinham um bom radar e nem RWR e apenas o apoio de radares GCI que dava a indicação de direção e posição do inimigo. Era esperado uma derrota feia, mesmo sem o uso de mísseis BVR na missão, mas conseguiram vantagem no inicio apenas com o uso de táticas e foram perdendo a vantagem depois com o inimigo descobrindo o truque.

Uma tática praticada pelos pilotos russos para se aproximarem de aeronaves AWACS e outras aeronaves de alto valor é usar um ou dois pares de aeronaves voando bem próximas em alta velocidade com o ala a cerca de três metros lateralmente e 15 metros para trás, podendo seguir sinais visuais do líder. Enquanto estão além da distância onde as técnicas de processamento de sinais no modo de avaliação de incursão possa ser usada pelos defensores para determinar que os dois alvos adquiridos sejam na verdade quatro aeronaves, os dois líderes sinalizam uma parada, pouco antes dos radares Pulso-Doppler ou AWACS iluminarem seus sistemas de alerta radar em toda intensidade. Eles então iniciam manobras Split-S Doppler negativas, Cobra ou Hook, antes de mergulharem para baixa altitude, fazendo beaming na vertical, e acumulando energia no processo.

Enquanto isso, as duas aeronaves despistadoras mantêm a direção para fazer o AWACS pensar que está tudo em ordem, e depois fogem. Isso induz a uma certa complacência nos operadores do radar. Durante esses preciosos segundos, os dois caças "snipers" se aproximam à baixa altitude para o abate. Antes de serem adquiridos ou antes de outros caças inimigos serem vetorados para a interceptação, as duas aeronaves snipers se aproximam, trancam no alvo, passivamente, e lançam vários mísseis ar-ar guiados por radar ou as primeiras salvas de mísseis de longo alcance como o R-77.

Os pilotos ocidentais são muito dependentes de aeronaves AWACS e esse cenário levaria a uma considerável confusão. Os mísseis ar-ar russos são otimizados para pilotos "snipers" e incluem meios de adquirir o efeito Doppler, criado pela rotação das pás de um helicóptero. Por isso, eles podem derrubar  aeronaves AWACS à média altitude e bombardeiros através de técnicas home-on-jam.

Quando o Beaming é usado como manobra ofensiva é chamada de tática bravo. A tática alfa é uma separação horizontal de 45 graus entre o líder e o ala. Se o inimigo escolhe um como alvo, o outro cerca pelo lado livre tentando colocar o inimigo em um “sanduíche”.

A manobra "coração polonês" é a manobra de abrir a formação e tentar virar contra o alvo por trás para identificação e ataque. A manobra lembra o formato de um coração. No combate de janeiro de 1989, os Tomcats da US Navy contra os MiG-23MF líbios dispararam seus Sparrow e erraram. Depois fizeram o "coração polonês", atacando cada lado dos líbios. Estavam dentro do envelope dos R-23 mas os MiG-23 não tinha capacidade de ver e atacar alvos voando mais baixo.





Cranking é a manobra de disparar e dar meia volta para fugir sendo usada com mísseis do tipo “dispare-e-esqueça”. O F-22 faz "super-cranking" disparando a longa distância e faz curva supersônica para fugir. Com supercruzeiro fica mais garantido ficar fora do alcance das armas inimigas. O supercruizeiro do F-22A é fundamental para a mobilidade que é usada para conseguir surpresa, concentração e posicionamento para melhor oportunidade de vencer o engajamento.

A RAF chama o Cranking de táticas bansai e skate. Na corrida skate, uma tática de fuga, o piloto checa a geometria e o tempo de disparo, dispara um míssil BVR e foge da NEZ inimiga. Na corrida bansai é para diminuir a distância de evasão e o piloto continua voando até o EPOL (Escape Point Of Launch), ou ponto de fuga de disparo, ou o último ponto onde o inimigo pode disparar. O caça deve atacar todos os inimigos se decidir ir para o "merge", ou o combate aproximado.

Fugir é bom para fazer o inimigo gastar seus mísseis. Um inimigo disciplinado não permite que o inimigo faça isso mais do que deseja. O termo "drag" (arrastar) é usado para os cenários de "virar e fugir" e funciona muito bem em um cenário multi-aeronaves com o inimigo tendendo a ficar nervoso quando percebe isso. Pode ser um kill fácil para o ala ou outro elemento se o inimigo não percebe isso. A regra é deixar fugir. O sucesso vai depender também da missão. Negar espaço aéreo temporário para o inimigo, para proteger um grupo de ataque, pode ser o suficiente.

Na fase de manobras é conveniente fazer curvas em "S" constantes, mudando o ponto futuro constantemente de um possível ataque com mísseis BVR e atrapalhando a solução de tiro inimigo. Se estiver sendo atacado o míssil fará as mesmas curvas em "S" e ainda mais apertadas pois usa "lead pursuit" perdendo energia rapidamente. Funciona bem no alcance máximo.

As táticas de formação variam de um país para o outro. Nos EUA a formação é mais fluida, com suporte mútuo com ala espalhado 1,5 a 2,5km permitindo manobras evasivas violentas para evasão ou poder posicionar para apoio. Os russos usam uma formação mais cerrada o que aumenta o retorno radar e tem pouco espaço para manobrar. Enquanto nos EUA todos os pilotos tem a possibilidade de atacar, geralmente quem detecta primeiro, na Rússia apenas alguns pilotos são mais bem treinados, chamados de pilotos snipers, enquanto os outros treinam menos e são mais para apoio.

Exemplos de táticas de formação são a "burst" e a "slash and dash". Na manobra "burst" todos os caças de uma formação estão a mais ou menos 400 metros um do outro e manobram na mesma direção simultaneamente para engajar e quebrar o acompanhamento do radar inimigo simultaneamente.

Os ataques tipo "slash and dash", é feito com várias aeronaves ao mesmo tempo, de várias direções, coordenados, e com mísseis de longo alcance. Os russos usam esta tática contra aeronaves AWACS. Caças MiG-25 ou MiG-23 voam baixo na fronteira e aceleram todos ao mesmo tempo contra o alvo. É preciso pelo menos oito para saturar as escoltas. A contramedida é fazer uma "armadilha de mísseis", com uma bateria de mísseis SAM de médio ou longo alcance em uma posição entre o AWACS e a possível rota inimiga, com os caças inimigos tendo que passar sobre ela e voando rápido. Se entrarem na defensiva não irão conseguir derrubar o AWACS e se não manobram tem grandes chances de serem derrubados. As armadilhas de mísseis podem ser feitas também com caças sendo usados como isca.


Durante um combate aéreo sempre deve ser considerado que a manobra inimiga possa ser parte de algum tipo de manobra para despistar. Pode ser um "sanduiche", ou desviar de um ataque em outra área, ou "arrastar" as escoltas para longe ou para uma armadilha de mísseis. O inimigo pode ter ligado o radar ou as contramedidas eletrônicas apenas para dar indicação falsa. A táticas dos esquadrões de ataque com F-4 de Israel contra os países árabes era usar uma esquadrilha para levar os interceptadores para longe do alvo, uma segunda para fazer cobertura de caça no alvo e uma terceira para atacar o alvo.

Durante a noite as táticas também mudam um pouco. Os F-15 receberam óculos de visão noturna em 1999, mas preferem fazer táticas de voar em fila com separação de 40km e com ala atacando se o líder falhar (ou quem voar na frente). O primeiro volta e entra atrás lembrando um carrossel. Este tipo de formação também alivia o ala de posicionar do lado com menos risco de colisão em manobras e permite o número 2 e número 4 ficar 3-5 milhas atrás dos seus líderes. A noite podem acompanhar o líder pelo radar ao mesmo tempo que cobre sua retaguarda.

Ao se escoltar pacote as CAPs tem que tomar cuidado com fogo amigo. Já a tática inimiga é se misturar para dispersar o pacote e forçar a alijar cargas ao mesmo tempo que evita ser atacado por mísseis BVR. Se estiver sozinho pode disparar sem medo, mas ainda com muito risco de ser atacado na arena visual.

Interferência eletrônica (ECM) é outro grande equalizador no combate BVR. Um bom ECM ajuda ao atrapalhar e atrasar a detecção e ataque BVR pelo inimigo. Não é possível derrotar um míssil ou radar totalmente, mas degrada o uso. Pode ser o suficiente para conseguir disparar primeiro. Os ECM tem o problema de denunciar a posição, não precisamente, mas mostra a direção, e também tem que tomar cuidados com mísseis com modos HOJ.
Ataque

Richthofen tinha oito mandamentos no combate aéreo. Um era disparar apenas a curta distância e com alvo na mira. O major Erich Rudorffer, Ás da Luftwaffe na Segunda Guerra Mundial com 222 Vitórias (13 em uma missão), cita que a melhor tática era mergulhar com velocidade, fazer uma passada, disparar rápido e subir. O segredo é fazer tudo em uma passada, de lado ou atrás, abrindo fogo a 50 metros. O alcance dos canhões atuais é de 2000 metros, mas ainda é melhor disparar curta distância, com um Pk maior devido a menor dispersão. O mesmo vale para mísseis onde o alcance máximo não tem Pk alto.

O termo moderno para este fundamento de Richthofen é a WEZ (Weapon Engagement Zone), ou zona de engajamento de armas, é a região onde um tiro valido é possível. A WEZ é dividida em distância mínima e máxima em relação a outra aeronave baseado no tipo de arma, velocidade, altitude, carga G e geometria. A WEZ do canhão é bem pequena comparada com mísseis e difícil de manter, mas fica a uma curta distância onde os mísseis não podem ser disparados efetivamente.

A WEZ dos mísseis são bem maiores que a do canhão. O alvo pode entrar na WEZ só apontando para o alvo e o alcance mínimo pode ser de pelo menos 300 metros e depende mais do tempo para armar a espoleta de proximidade. Se o alvo está virando, o alcance mínimo diminui pois o míssil tem que manobrar. O míssil tem que manobrar muito nestes disparos a curta distância, mas se o inimigo for muito ágil o disparo nem pode ser possível.

Mísseis tipo "dispare-e-esqueça" de médio alcance como o AMRAAM expandem o envelope do caça nos engajamento em relação aos guiados por radar semi-ativos. O modo "dispare-e-esqueça" é bom contra alvos armados com mísseis com guiamento por radar semi-ativo, mas pode ser um problema contra alvos com a mesma capacidade.

As simulações mostram que um caça armado com um míssil ar-ar de radar ativo de longo alcance tenta dispara o míssil e fugir rapidamente. O alvo pode contra-atacar com outro míssil BVR e tentar evadir perdendo altitude e levando o míssil para atmosfera mais densa. Se depois subir rápido, o míssil em perseguição terá dificuldade em subir novamente para acompanhar.

Um dos requerimentos do Meteor britânico era o lançamento furtivo, com o piloto inimigo recebendo alerta mínimo que o míssil foi disparado, reduzindo a oportunidade de ação evasiva. A aeronave lançadora deve ter capacidade de engajar, disparar e desengajar rápido para aumentar a capacidade de sobrevivência.

Um combate BVR contra caças com mísseis "dispare-e-esqueça" seria de disparos BVR múltiplos, caracterizado por várias ações ofensivas, seguida de manobras defensivas, com oponentes disparando e fugindo ou evadindo, sempre fora do alcance visual. O encontro é seguido com uma série de troca de mísseis (se não houver derrota antes). O perdedor geralmente será o que perde muita altitude primeiro, ou voa subsônico e fica se opções, fica sem armas ou combustível e foge. A combinação superior vence, derrubando o inimigo ou consegue fugir por falta de arma ou combustível.

Antes do disparo o míssil precisa "ver" o alvo, ou no caso de combate BVR, pelo menos saber onde o alvo está, assim como ter dados de velocidade e direção do alvo (modo fly out). No guiamento semi-ativo a atualização é contínua. Os mísseis guiados por radar ativo não precisam de atualização contínua da posição do alvo, quando disparados no modo "dispare-e-esqueça" mas a pratica é diferente. Apoiar um míssil significa manter o acompanhamento do alvo por muito tempo para saber o que o alvo esta fazendo a longa distância. O Pk é maior neste modo. Na prática os mísseis têm capacidade "dispare-e-esqueça" parcial com apoio externo.

Os Tornados F-3 da RAF foram modernizado com o programa AMRAAM Optimisation Programe (AOP) permitindo uma operação mais automatizada, permitindo que o operador de sistema passe mais tempo com o datalink JTIDS. Enquanto o piloto é responsável pelo combate aproximado o operador de sistemas controla o combate a longa distância, criando um espaço de batalha a distância, decidindo quem ataca quem na formação. Com o AIM-120C5, o Tornado F.3 passou a ter capacidade de engajar até quatro alvos simultaneamente. Testes com o AMRAAM sem usar o datalink mostrou que seria menos efetivo que o Skyflash. Quando o AMRAAM passa de modo controle datalink para "dispare-e-esqueça" o piloto chama "pitbull" no rádio.

Um caça deve ter capacidade multi-alvo. "Datalincar" vários mísseis ao mesmo tempo também é desejável. Se um caça tem aviônicos superior como designação de alvos por terceiros ou datalink, isto requer a formulação de táticas. Também requer boa coordenação e disciplina de formação.

A capacidade multialvo permite enfrentar incursão de vários caças, mas testes em simulações e combates reais com o AMRAAM contra vários alvos mostraram que esta capacidade é pouco usada.

Os mísseis com guiamento por radar ativo adicionaram a vantagem de poderem ser disparados com menos alerta o que não acontece com os mísseis com guiamento semi-ativo. As aeronaves furtivas como o F-22 não teria sentido sem o AMRAAM por darem alerta ao inimigo e não poderiam usar direito sua capacidade de atacar com surpresa.

Em um combate BVR o ideal é disparar os mísseis no alcance máximo. Depois do disparo o piloto faz uma manobra "F-Pole" ou foge (manobra cranking). A manobra "F-pole" consiste em desviar para a esquerda ou direita mas ainda mantendo o alvo no envelope do radar. O objetivo é aumentar a distância entre a aeronave e o alvo quando o míssil atinge o alvo para evitar um disparo a curta distância do inimigo. O F-22 tinha previsão de receber antenas de radar na lateral da fuselagem para apoiar manobras F-Pole com cobertura de 220 graus. As antenas foram canceladas, mas o espaço está disponível ainda.
Com o F-Pole os mísseis do oponente vão ter que manobrar enquanto nosso míssil vai direto para o inimigo. Se o inimigo manobra não pode atualizar seu míssil. Se o inimigo manobra pode perder a consciência situacional e pode até perder o contato com o radar. Nosso míssil erra, mas não é muito prejuízo contra um alvo de alto valor com capacidade BVR que pode valer até muito mais de dois mísseis.

Um problema no combate BVR é saber se o míssil conseguiu um kill. Com bom tempo pode ser visualizado o impacto com o alvo ou a luz a noite. Nesta hora é bom virar para o alvo para tentar visualizar o impacto e as vezes tem que procurar o ala inimigo. Esta manobra é feita como continuação da manobra "F-Pole". O HUD mostra dados para realizar a manobra como tempo para ativar e tempo para o impacto previsto (TTA - Time to Active e TTI - Time to Impact).

Sem confirmação se corre o risco de ser pego por trás. O alvo pode sair do radar, alerta radar e fumaça pode ser outra coisa como flare ou míssil inimigo. O inimigo pode estar apenas danificado. Estes dados ainda são confirmação de um bom kill. Com explosão secundária, pára-quedas e destroços a confirmação é melhor ainda.

Em um exercício entre os MiG-29N (MiG-29SD) da Malásia e os F/A-18A australianos simulando disparo de mísseis R-77 e AIM-7 Sparrow, respectivamente, os MiGs chamavam "Fox 3", código de rádio para disparo de mísseis de longo alcance, a cerca de 55-60km, enquanto o Hornet fazia o mesmo a 45-50km. A "F-Pole" do R-77, distância entre o caça e o alvo na hora do impacto, era de 13-15km maior que a do Sparrow.

O ASRAAM foi otimizado para ser muito rápido para atingir o alvo antes da manobrabilidade ser necessária sendo considerado um míssil "F-Pole".

Contra os iraquianos, os iranianos sempre tentam iniciar o engajamento a longa distância (mais de 25km) com o Phoenix disparado do F-14. Os Mirage F.1EQ, MiG-23ML e MiG-25P iraquianos sempre tentam ficar a longa distância e sempre disparam seus mísseis com guiamento semi-ativa na maior distância possível. O resultado era um Pk muito baixo o que era bom para os iranianos.




"No Escape Zone" A NEZ é um grande área em forma de gota em frente a aeronave em que a percentagem de interceptação de um míssil é muito alta. O míssil irá acerta a não ser que seja interferido ou tenha algum defeito. Qualquer alvo nesta zona não consegue escapar com manobras ou fugir acelerando. Geralmente se considera que o alvo irá fazer uma curva instantânea de 6,5 g como manobra evasiva na fase final ou tentar fugir acelerando a 500km/h a mais que a velocidade em que se encontra na hora do disparo.

O alcance é o fator de desempenho que mais se considera, mas na verdade é o menos relevante para se julgar a capacidade de um míssil. Os mísseis atuais devem ser disparados a 35-45km e tem que manter a própria energia se quiserem acertar. O PK (pronuncia P sub K) depende do aspecto (frontal, cruzado ou perseguição), altitude, velocidade do míssil e do alvo, capacidade de manobras do alvo etc. Se o míssil tem muita energia durante a fase terminal, as chances de acertar são maiores. O Pk diminui se disparado a longa distância, ou forçado a manobrar e fica sem energia para perseguir o alvo.

Quando atacados, os caças tendem a realizar manobras evasivas. É por isso que AIM-7 não tinha bom desempenho no Vietnã, apesar de ter um bom alcance, e era susceptível a contramedidas. Em 1991, apenas 36% dos mísseis Sparrow acertou o alvo. O AIM-54 tem um bom alcance, cerca de 150km, mas foi feito para atacar bombardeiros que não manobram.





O conceito de NEZ apareceu na década de 80 sendo que o primeiro míssil a ter este foco foi AMRAAM. Os dados de alcance são estimados e até em exercícios são usados dados de alcance falsos para não dar idéia do desempenho aos países estrangeiros. A NEZ e o alcance dependem da velocidade e da altitude da aeronave. Um F-22 voando a grande altitude (15 mil metros) e em supercruzeiro (Mach 1.5) irá aumentar em cerca de 50% a NEZ do AMRAAM em relação a um caça subsônico na mesma altitude.

Os mísseis ainda podem ser disparados fora da NEZ, com menor chances de acerto, ou para tentar influenciar as manobras o inimigo. Um míssil perdido é chamado de "spoiler", sendo usado para forçar o inimigo a reagir ou se defender. Ele "spoils" (atrapalha) seu plano de ataque. Se quem disparou não for atacado enquanto foge ainda pode voltar para apoiar o míssil. Os spoilers podem ser usados para forçar o inimigo a ficar longe, protegendo aeronaves de um pacote de ataque. Contra um inimigo com poucos mísseis pode ser uma boa tática se forçá-lo a fazer o mesmo.

Os mísseis com guiamento semi-ativo não tem a opção de serem disparados no modo "dispare-e-esqueça" como os spoilers, mas a iluminação "a seco" do alvo, sem disparos, passa a ter a mesma função e com menos custos. Se o inimigo não tiver meios de saber se foi realmente disparado um míssil terá que fazer manobras evasivas ou disparar rapidamente um míssil "dispare-e-esqueça" para criar sua própria tática de spoiler.



Os russos usam a tática de lançar mísseis com guiamento por radar e calor, atrapalhando as contramedidas inimigas e criando confusão, mas também tem a lógica de não deixar carga assimétrica nas asas. O AIM-4 Falcon americano, que entrou em operação em 1956, era usado por aeronaves interceptadores que disparava modelos com guiamento por radar semi-ativo e calor para aumentar as chances de acertar. Os franceses usam o mesmo conceito com o MICA com guiamento por infravermelho e radar ativo.

O sistema de IRST do Su-27 e MiG-29 podem ser usados como sistema de alerta de aproximação de mísseis no setor frontal em um combate BVR. Mesmo com tecnologia antiga, podem detectar o disparo de mísseis BVR a longa distância dando aviso de um ataque e facilitando as manobras de combate a longa distância. Os mísseis BVR produzem muita energia durante o disparo e são facilmente detectados. Com o aviso o piloto pode esperar para lançar seus mísseis no melhor momento possível sem se preocupar em ser pego de surpresa por um disparo inimigo ou forçar o inimigo a usar táticas de "spoiler". Os sensores de imagem infravermelha dos mísseis atuais também podem realizar esta tarefa. Uma contramedida é ter mísseis falsos para simular disparo de míssil real como um foguete ar-terra potente. Outra opção, caso esteja indo direto para o inimigo (in hot), é disparar contra o inimigo na mesma hora sem um "lock" (modo mad dog) e fugir.

No caso de um ataque contra duas aeronaves voando em fila, a prioridade é atacar o de trás da fila ou se corre o risco de ficar no "sanduíche" entre dois inimigos. O segundo (trail) é sempre considerado inimigo por associação sendo atacado a longa distância após a confirmação do primeiro (lider) como inimigo. Era tática comum dos MiGs do Vietnã voar em fila para tentar induzir o inimigo a virar no alvo da frente e pagá-lo depois no sanduíche.

O combate BVR não se dissocia do combate a curta distância pois existe sempre a possibilidade de ocorrer uma conversão de combate por radar para o visual. Pode acontecer de todos os mísseis de longo alcance errarem, e até mesmo os de curto alcance, e ocorrer um combate com canhões.

Depois da Guerra do Golfo e Kosovo, o combate visual passou a ser considerado secundário, mas a USAF ainda prevê que 25% das vitórias do futuro ainda serão a curta distância. Em nenhuma vitória do AMRAAM até hoje o ponto de detonação foi a longa distância. Os combates recentes mostraram que mais de 50% dos combates ocorrem em curto alcance, ou a menos de 3km.

Os europeus já tentaram até mudar a carga de armas do Eurofigher de quatro mísseis de longo alcance e dois de curto alcance para o inverso. O RAF até já estudou uma variante do míssil ASRAAM equipado com datalink com capacidade LOAL. Israel ainda treina muito combate visual e dá prioridade a este tipo de combate. Jatos rápidos e regras de engajamento ainda podem forçar o combate a curta distância. A maioria dos países nem tem recursos avançados como AWACS e datalink.

No combate BVR as táticas de formação são mais complicadas e simples ao mesmo tempo. A cobertura traseira não serve para se defender contra inimigos armados com mísseis BVR que podem ser disparados a até 15km de distância por trás. Por outro lado é esperado que uma força aérea equipada com mísseis BVR tenha acesso a boa cobertura de radares em terra, AWACS, RWR e até datalink. O datalinlk permite que o líder saiba a posição do ala a distância simplesmente olhando na cabina e vice-versa enquanto a ameaça está geralmente a frente.

Durante o ataque os pilotos usam o conceito de "Double Attack" e "Loose Deuce". Quando um alvo é detectado, quem está na melhor posição ataca e não o líder da formação. O ala passa a ser o que apóia formando o conceito de caça de ataque (engaged fighter) e caça de apoio (support fighter). A obrigação do caça de ataque é não perder muita energia e do caça de apoio é vigiar ameaças próximas e posicionar para apoiar o caça de ataque poder tomar ofensiva. No "Double Attack" um ataque e outro sempre apóia e o caça de apoio só ataca se ordenado enquanto no "Loose Deuce" o caça de apoio pode atacar também por iniciativa.

No combate BVR, o caça de apoio pode ter a missão de avançar e fazer a identificação visual para engajamento pelo caça de ataque. O risco de fogo amigo pode ser minimizado com o caça de apoio acelerando e fugindo para fora da zona sem escapatória. Já está pré-definido que os alvos estão indo na direção do caça de ataque, mas ainda existe risco de designação errada. Se o inimigo estiver em fila o seguindo será identificado como inimigo como associação e será atacado pelo caça de apoio. O conceito de caça de apoio também pode ser usado com mísseis com guiamento semi-ativo, com um caça em posição avançado realizando o disparo e fugindo enquanto o caça de apoio fazendo a iluminação do alvo a uma distância mais segura.

Desengajamento

A opção de desengajar pode ocorrer em qualquer fase do engajamento. Pode ser por simples tática, forçando o inimigo a manobrar com táticas tipo "sanduiche", armadilha de mísseis, "spoiler de mísseis" e distrair as escoltas de um pacote. Os pilotos sabem que no combate BVR fugir pode ser uma vitória.

Depois de conseguir um kill um piloto deve estar sempre pronto para separar e deixar a luta. Uma explosão e trilha de fumaça sempre chama atenção de amigos e inimigos.

Os mísseis de médio alcance, e até mesmo os atuais mísseis de combate a curta distância, negam a opção do opoente desengajar de um combate aproximado. Estes mísseis ainda tem muita energia para perseguir o alvo dando muita vantagem em cenários chamados de "bugout" quando um caça inimigo, com pouco combustível e/ou sem armas, foge do combate, e "rundown", a perseguição subseqüente.

A persistência de combate é uma medida da capacidade de lutar e evitar um desengajamento prematuro. Depende do combustível (quantidade de energia) e quantidade de armas que a aeronave leva. A aeronave que ficar sem combustível ou armas primeiro vai desengajar. O bom uso de tanques extras e reabastecimento em vôo, junto com táticas ofensivas para disparo de mísseis podem otimizar a persistência de combate. O supercruzeiro, ou manter a velocidade sem usar o pós-combustor, é outro meio de aumentar a persistência de combate.

As operações israelenses no Líbano em 2006 mostraram que o reabastecimento em vôo foi essencial para manter a frota no ar para resposta rápida. O reabastecimento em vôo afeta diretamente o alcance, ordem de batalha, munição no alvo e duração das operações.

Nos combates entre os Su-27 e os MiG-29 entre a Etiópia e a Eritréia os MiG-29 foram atingidos enquanto evadiam. Os Su-27 simplesmente tinha mais combustível e tinham vantagem para manter o combate e perseguir.

A quantidade de mísseis é importante no combate BVR pois os mísseis terão um Pk baixo com o combate iniciando a longa distância. O alvo será destruído com os disparos subseqüentes ou em combate aproximado.

Israel condiciona seus pilotos a desengajar após 1-3 minutos de combate. O objetivo é minimizar as perdas evitando que os pilotos lutem por muito tempo, perdendo a consciência da situação e com risco de serem engajados por inimigos não percebidos. Continuando na luta as vitórias seriam maiores, mas as perdas também. Este princípio foi um dos motivos das poucas baixas no Vale de Bekaa em 1982.



fonte: sistemasdearmas.com.br
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