A Guerra Anfibia
Cerca de 70% da superfície da terra é coberta por água, 80% dos países tem uma costa marítima e a maioria da população mundial vive a cerca de 500 km da costa. Apenas áreas no centro da Rússia, África, América do Sul, Norte do Canadá, Groenlândia e EUA está a mais de 1.000km do litoral e fora do alcance de aeronaves embarcadas e forças navais.
Operação anfíbia (OpAnf) é um tipo de operação militar lançada a partir do mar por uma força naval ou de desembarque em navios ou embarcações envolvendo o desembarque em uma praia hostil ou potencialmente hostil. Uma operação anfíbia requer a participação aérea intensiva e é caracterizada pela integração de forças treinadas, organizadas e equipadas com funções de combate diferentes. A complexidade da guerra anfíbia e a vulnerabilidade das forças engajadas nestas operações requerem um grau excepcional de unidade de esforço e coerência operacional. A dificuldade em conduzir as operações anfíbias irá ditar como o comandante irá considerar o planejamento, integração do teatro e apoio.
As operações anfíbias são planejadas e conduzidas primariamente para:
- Preparar operações de combate adicionais;
- Obter uma posição de avanço para bases aéreas, navais e terrestres;
- Negar o uso de uma área ou instalação ao inimigo;
- Desviar forças ou atenção inimiga, fornecendo oportunidade para outras operações de combate.
O principal tipo de operação anfíbia é o assalto anfíbio, que é distinguido dos outros tipos de operações anfíbias onde é envolvido o estabelecimento de uma força em uma praia hostil ou potencialmente hostil. Outros tipos de operações anfíbias que não envolvem o estabelecimento de uma força de desembarque em uma praia hostil incluem:
- Incursão (raid) anfíbia. É uma operação anfíbia envolvendo incursões rápidas dentro do território inimigo ou uma ocupação temporária de um objetivo seguido por uma retirada planejada. As incursões são conduzidas para os seguintes propósitos: infringir perdas ou danos, obter informações, capturar ou evacuar indivíduos e/ou equipamentos, destruir o sistema de coleta de informações inimigos em apoio as operações de segurança e criar um desvio de atenção como ataque diversionário. Um exemplo seria a destruição de uma estação de radar na costa. As Incursões são operações limitadas pelo tempo e espaço e conduzidos por forças específicas e sempre envolvem a retirada da unidade, que pode ser uma brigada reforçada, uma vez que a missão esteja completada. Ele pode ser conduzido do mar usando mobilidade aérea e penetrando no território.
- Demonstração anfíbia. É uma operação anfíbia conduzida para despistar o inimigo pela mostra de força com a expectativa de iludir o inimigo em um curso de ação desfavorável a ele.
Uma demonstração é um meio de tentar diminuir o moral das forças inimigas sem comprometer as forças amigas. A Força é ameaçada por exercícios e demonstração da capacidade necessária para conter a ameaça percebida. Para que uma demonstração de força seja efetiva, a força que conduz a operação deve ter credibilidade. Durante a Guerra do Golfo em 1991, a presença de uma força do USMC na costa do Kuwait convenceu os comandantes Iraquianos que uma operação anfíbia poderia ser realizada. Isto levou ao deslocamento de cinco divisões de infantaria e uma Divisão mecanizada no sul do Kuwait, longe do ataque principal da Operação Sabre do Deserto no deserto do Iraque.
- Retirada anfíbia. É uma operação anfíbia envolvendo a extração de forças pelo mar em navios ou embarcações anfíbias de uma praia hostil ou potencialmente hostil.
Retirada anfíbia são conduzidas quando forças anfíbias operando em terra não são mais necessárias. Elas podem ser completamente retiradas do teatro ou redeslocadas em novas tarefas dependendo dos objetivos militares e político da operação. Um exemplo atual seria a retirada da Força Multinacional formada por americanos, britânicos, franceses e italianos de Beirute em 1986 após ela ter supervisionada a retirada da OLP, seguida pela operação Paz para a Galiléia.
Condução de um Desembarque Anfíbio
Um assalto pode ter quatro fases. Inicialmente, o desembarque de forças avançadas é seguido por equipes de observação avançadas, operações de contra-minagem e finalmente o assalto anfíbio. As forças avançadas realizam reconhecimento da praia e localizam meios inimigos. As equipes de observação avançada direcional Apoio de Fogo Naval (Naval Gunfire Support - NGS) contra posições inimigas e também criam um ataque divisionário e despistador para o inimigo sobre a localização do assalto principal. O assalto anfíbio começa na ordem do Comandante da Força Tarefa Anfíbia (Commander Amphibious Task Force - CATF) e envolverá não apenas Embarcações de desembarque, mas também helicópteros para colocar tropas na praia ou em terra e que fornece uma capacidade de penetração e maior profundidade a cabeça de praia.
Quando os desembarques anfíbios têm um papel subordinado, a preferência é para desembarques de pequena escala. O uso é diferente entre os países, principalmente entre a OTAN e o antigo Pacto de Varsóvia. Para os Ocidentais, conquistar uma cabeça de praia é sempre o prelúdio de uma ação extensa em terra. Os Marines fizeram um desembarque administrativo (sem oposição) no Vietnã e combateram em terra permanentemente. Os britânicos fizeram o mesmo nas Malvinas onde os Comandos desembarcaram junto com os Pára-quedistas e combateram lado a lado em toda a campanha. Tropas do US Army também desembarcaram junto com os Marines na Normandia. Na França não existe unidade especializada em operações anfíbias, mas algumas tem treinamento em operações anfíbias. As próprias tropas do exército são embarcadas e a marinha francesa é responsável pelas tropas de forças especiais, organização da praia e navios anfíbios. O Exército Francês tem duas Divisões blindadas leves envolvidas em rotinas de operações anfíbias que no futuro terá apoio em Brigadas (2 blindadas, 2 mecanizadas, 2 blindadas leves, 1 montanha, uma PQD, 1 aeromóvel incluindo os helicópteros, 4 de apoio de combate e 2 apoio de serviço).
No bloco comunista, estas tropas especializadas apenas seguram uma cabeça de praia (ou conduzem incursões mais no interior). Esforços subsequentes seriam unidades de infantaria mecanizada, se o terreno permitir, com suporte de artilharia. A retirada da infantaria naval é feita o mais rápido possível para mantê-la disponível para assegurar o sucesso de outros desembarques. Outra tarefa pode ser assegurar a defesa costeira.
Os desembarques anfíbios têm a característica de armas combinadas. Nenhum desembarque anfíbio pode ter sucesso ao menos que se consiga superioridade naval e aérea temporária. Uma preparação de fogos pesados também é necessária para suprimir tudo menos as defesas mais fracas do inimigo. Muitos fogos são feitos pelo ar, incluindo o uso de helicópteros armados em tarefa de escolta. A artilharia da força principal também deve ser capaz de fornecer apoio em desembarques superficiais
Para o sucesso de desembarques anfíbios e aéreos, também é necessário obter um quadro preciso das forças aéreas, navais e terrestres inimigas no alcance da intervenção. Uma coleta de dados intensiva sempre precede o desembarque.
Um desembarque de helicóptero ou aerotransportado precede ou acompanha qualquer desembarque anfíbio importante. Se o desembarque anfíbio é de pequena escala e curto, uma força helitransportada pode ser suficiente. Contudo, um desembarque maior e mais profundo pode necessitar de um desembarque aéreo. O lançamento aéreo (pouso ou pára-quedista) de forças terrestres pode ser necessário para assegurar uma cabeça de ponte, porto ou aeroporto, interditar a aproximação das reservas inimigas ou atacar pontos importantes da retaguarda.
As unidades de infantaria naval constituem o primeiro escalão de uma operação anfíbia de nível operacional. Elas têm a responsabilidade de arrombar obstáculos antidesembarque na água e na praia, de conquistar uma cabeça de ponte e para defender a chegada da força principal na área de desembarque. Quando chegam na praia, as unidades de infantaria naval empregam táticas de acordo com as empregadas pela força principal. Elas chegam a 1,5-2 km da praia, 15 minutos antes do assalto anfíbio. Sua missão imediata é estabelecer uma linha para dar proteção o desembarque e o deslocamento das forças de segundo escalão. O primeiro escalão também recebe um eixo de avanço posterior (e o objetivo final do desembarque).
Quando a infantaria naval conquista a cabeça de ponte, as unidades de infantaria mecanizada desembarcam no segundo escalão. Neste ponto (doutrina Russa), eles tomam conta da batalha. Eles substituem, ao invés de reforçar, a força de assalto, mesmo se elas sofreram poucas baixas. O objetivo é deixar a infantaria naval disponível para outros desembarques.
Categorias dos Desembarques Anfíbios
Os Desembarques Anfíbios podem ser divididos numa escala de Estratégico, Operacional e Tático. Categorias especiais incluem reconhecimento e sabotagem. Um desembarque também pode ter uma missão secundária, como a defesa de costa.
Desembarques anfíbios estratégicos podem apoiar forças de teatro ao abrir uma nova área de operações militares. O propósito é exercer uma influência decisiva no curso da guerra como um todo. Ele pode chamar pelo emprego de força multidivisional, com apropriado emprego de apoio aéreo e naval. Devido aos meios de vigilância modernos, apenas desembarque de curto alcance conduzido durante a noite tem chances de conseguir surpresa que é um item crítico para o sucesso. Apenas o apoio logístico necessário para o desembarque de um Corpo de grande força é uma razão para favorecer desembarque superficial de pequena escala.
Sem perder a experiência, mas consciente da complexidade e dificuldade das operações anfíbias estratégicas, é pouco provável que ocorra novamente um desembarque como o da Normandia (100 mil tropas e mais de 500 navios e lanchas de desembarque). O mais provável é a ocorrência de desembarques anfíbios táticos e operacionais limitados.
Dependendo da força do inimigo, mesmo desembarques anfíbios operacionais são arriscados, não devendo ser tentados fora do alcance da cobertura e apoio de forças aéreas baseadas em terra. Desembarques desta escala devem ser seguidos de uma Brigada de infantaria naval como o primeiro escalão.
O segundo escalão, consistindo de tropas de infantaria mecanizada, seguirá como a força principal. O propósito é ajudar as forças de terra ou forças navais em uma região costeira a cercar e destruir as forças navais e terrestres na área. Outro objetivo é executar o envolvimento principal contra o flanco inimigo na parte costeira. Outra possível missão inclui a conquista de ilhas grandes ou grupos de ilhas, estreitos marítimos, bases navais e outros objetivos costeiros importantes. Então, é possível que um desembarque anfíbio operacional tenha consequências estratégicas importantes.
Os desembarques anfíbios táticos são os mais frequentes de todos. O objetivo é atacar a área de retaguarda ou flanco de uma força inimiga na linha costeira ou tomar ilhas, bases navais, aeroportos costeiros, portos e outros objetivos em uma região tomada pelo inimigo. Isto desvia a atenção e recursos do inimigo para longe da área decisiva do campo de batalha. A força de infantaria naval pode ser um Batalhão ou mais, operando independentemente ou em conjunto com forças de terra (em terra ou em conjunto com um assalto aéreo). Os desembarques táticos normalmente atingem até 50 km dentro do território inimigo em sua área de retaguarda.
Na ofensiva, forças de desembarque táticas podem conquistar pontes ou cruzamentos próximos a costa e segurá-los até a chegada de forças principais. Estes desembarques podem parar ou atrasar os reforços inimigos ou cortar sua linha de retirada. Eles podem ajudar em manter o avanço das tropas de terra, ou podem ter motivos de despistamento. Então, os desembarques de escala táticos podem ter repercussões operacionais importantes.
O reconhecimento e a sabotagem são categorias especiais de desembarque anfíbio. As incursões podem ser realizadas por vários motivos:
- Conduzir reconhecimento;
- Danificar ou destruir instalações de alto valor localizados próximos á costa;
- Atrapalhar o Comando & Controle e/ou logística inimigo;
- Manter quantidades substanciais de tropas inimigas na defesa de grandes e vulneráveis área costeiras.
A força naval empregada consiste normalmente de um Batalhão, Companhia ou Pelotão. O lançamento marítimo de equipes de ForOpEsp também podem realizar reconhecimento em profundidade de importância operacional e estratégica.
A utilidade de uma operação anfíbia resulta da mobilidade e flexibilidade (habilidade de concentrar forças balanceadas e atacar com força num ponto selecionado no sistema de defesa hostil). As operações anfíbias exploram o elemento surpresa e capitalizam as fraquezas inimigas pela projeção e aplicação de poder de combate no momento e local mais vantajoso. A ameaça de uma força anfíbia pode induzir o inimigo a desviar forças, preparar defesas, desviar recursos principais para defesas costeiras ou dispersar forças. Estas ameaças podem resultar num esforço desgastante e caro para o inimigo no sentido de defender suas linhas costeiras. Os requerimentos de um assalto anfíbio, que é principal tipo de operação anfíbia, é a necessidade de mudança, pela construção ininterrupta de poder de combate suficiente na praia de uma capacidade inicial zero para um poder de ataque coordenado com a progressão em direção aos objetivos finais da força tarefa anfíbia.
As operações anfíbias podem envolver alto risco e alto custo para cumprir sua missão crítica. A completa apreciação de uma operação anfíbia deve incluir o reconhecimento das limitações do comandante, ou seja, a vulnerabilidade da força de desembarque durante os estágios iniciais do desembarque. A força em terra firme deve ser construída do zero para uma força coordenada e balanceada capaz de cumprir a missão destinada. Durante a operação anfíbia, particularmente durante a fase altamente vulnerável do movimento navio-praia, o sucesso pode depender na habilidade de integrar os recursos de defesa aérea das forças baseadas em terra e os marítimos para isolar a área de operação de plataformas aéreas hostis e armas de ataque aéreo ao máximo possível.
Resumindo, a guerra anfíbia é uma das mais caras e arriscadas formas de combate já desenvolvidas. É necessário mover cargas difíceis de controlar (tropas de combate), alimentá-las, cuidá-las e traze-las de volta por águas hostis até a praia inimiga. É necessário entregá-las, com seu equipamento e suprimento, até a praia para lutar em terra. Então, eles tem de esperar as forças que darão continuidade ou evacuar no fim da missão.
A condução de desembarque além do alcance visual e do radar inimigo é uma técnica que emprega conceitos de guerra de manobra como surpresa, velocidade operacional, flexibilidade operacional e táticas de mobilidade para conseguir uma vantagem tática sobre o inimigo que pode ser decisivamente explorada enquanto minimiza o risco para os navios de assalto.
O conceito americano de assalto além do horizonte (OTH) é de não se aproxima da costa. Os navios anfíbios ficam entre 50 e 450 km da praia, fora do alcance dos sensores e armas inimigas na costa. Plataformas rápidas como os LCACs, AAAVs, MV-22 e CH-53 farão o trabalho de desembarque nas horas mais críticas do desembarque e depois seriam apoiados por meios convencionais. Estes meios garantem que o comandante não precise se preocupar com a topografia (areia, argila, inclinação da praia etc) ou condições oceanográficas (marés e estado do mar). A área de operação ou "espaço de batalha", será expandida, fazendo o problema de defender a costa muito mais difícil. Os navios estarão fora dos campos minados na costa e a aviação não poderá usar o terreno para fazer ataques surpresas.
Permanecer próximo a costa aumenta as perdas. Em 1982 os britânicos perderam dois destróieres, duas fragatas, dois LSD e um porta-container, além de incontáveis navios avariados. Em 1991, uma incursão na ilha Fayalka para destruir radares, centros de comunicações e postos de comando, além de capturar tropas iraquianas, foi cancelado após os USS Tripoli (LPH-l0) e o USS Princeton (CG-59) baterem em minas no dia 18 de fevereiro. A ameaça de mísseis balísticos, muito difíceis de serem destruídos, também é dificultada se o inimigo não conseguir obter a posição da frota.
Cabeça de Praia
Uma cabeça de praia é região em uma praia hostil, ou potencialmente hostil que, quando atacada ou tomada, assegura o continuo desembarque de tropas e materiais e fornece espaço de manobra necessário para as operações posteriores em terra. Este é o objetivo físico em uma operação anfíbia. A área de desembarque é a parte da área do objetivo onde a operação de desembarque de uma força anfíbia esta sendo realizada. Ela inclui a praia, as imediações da praia, as áreas de transporte, as áreas de apoio de fogo, o espaço aéreo ocupado pelas aeronaves de apoio e a área terrestre incluída no avanço ao objetivo inicial. Uma praia de desembarque é a porção da região costeira geralmente necessária para o desembarque de uma equipe de desembarque de batalhão. Contudo, ela também pode ser a porção de linha costeira constituindo uma localidade tática (praia ou baia) onde uma força maior ou menor que uma equipe de desembarque de batalhão possa ser desembarcada. Uma Zona de Desembarque de Helicóptero (Helicopter Landing Zone [HLZ]) é uma área terrestre específica para os helicópteros de assalto embarcarem e desembarcarem tropas e/ou cargas. Uma zona de desembarque pode conter um ou mais local de desembarque.
Estratégia Geral
Uma operação naval usando navios de superfície, submarinos, aeronaves e infantaria naval pode ser uma parte integral de uma estratégia ofensiva em um teatro continental. As missões destas operações podem incluir:
- Destruição de forças ofensivas navais inimigas no mar;
- Neutralização das forças navais inimigas em suas bases;
- Defesa de forças navais estratégicas;
- Defesas de SLOC;
- Proteção do flanco costeiro do teatro de um ataque pelas forças navais e anfíbias inimigas.
Os componentes navais podem também suportar missões na praia ao participarem de operações anfíbias e fornecerem apoio de fogo naval e defesa aérea, apoio logístico as operações em terra. Os submarinos podem também lançar mísseis cruise.
A capacidade de dominar regiões litorâneas e os portos ou costa seja por ar, bombardeamento naval, ataque com mísseis cruise, ou pela intervenção por força anfíbias dão a qualquer governo de potências marítimas um meio estratégico e diplomático único. Em relação a um velho adágio militar, "quantidade tem uma qualidade em si próprio", parece favorecer o USMC ou o CFN, mas mesmo forças anfíbias pequenas e bem treinadas contra um alvo estratégico importante podem ser um multiplicador de força.
Uma força naval anfíbia deve fornecer flexibilidade e capacidade adaptativa de resposta a crises de armas combinadas e uma capacidade de auto-sustentação.
*Figura - USS Austin LPD-4
Tarefas Múltiplas para as Forças Anfíbias
O grau de ênfase dada as operações anfíbias refletem a situação política nos dias atuais. Com o fim da Guerra Fria e a atenção renovada a resposta a crises e operações fora da área de fronteiras em águas litorâneas, demandam muito das forças anfíbia e estão aumentando e se tornando mais e mais decisivas. Contudo, a aquisição de novos navios anfíbios - refletindo a importância renovada nestas operações - é apenas metade da história. As forças anfíbias são aumentadas em face das novas ameaças e tarefas. Exemplos recentes incluem operações da ONU no Haiti e Somália, assim como o C-SAR (busca e salvamento de combate) para resgatar o Capitão O'Gradey na Iugoslávia em 1995.
Além das operações de combate, as forças anfíbias podem conduzir evacuações de civis, apoio a forças de paz e operações de policiamento assim como fornecer força naval na diplomacia e operações benignas. Desde que compreendidas a efetividade das forças anfíbias, estas operações militares e civis são melhores examinadas em maiores detalhes.
As forças anfíbias também podem realizar operações de evacuação quando civis de estados aliados são ameaçados por instabilidades locais no exterior. A Unidade Expedicionária de Fuzileiros do 22o Corpo (Marine Expeditionary Unit - Special Operations Capable) e uma força tarefa ar-terra de fins especiais de fuzileiros conduziram a Operação Assured Response, compreendendo uma operação de evacuação na Libéria no verão de 1996.
O despacho de uma força naval em apoio diplomático é um forte meio diplomático na política externa. O envio para o Sul de uma Força Tarefa britânica em direção as ilhas Malvinas em 1982 contribuiu nas negociações entre a Argentina e os Britânicos e impôs um limite claro.
No apoio a missões de paz as forças anfíbias têm a vantagem de terem a suas próprias acomodações e comunicações no teatro e podem permanecer em segurança no mar. As forças anfíbias e navais também podem ser necessárias para realizar prevenções de conflito, missões de paz, reforço de paz e operações de construção de paz.
Em operações de policiamento, as forças mantêm a lei e implementam a estabilização de um regime por um mandato internacional. Isto pode ser incluir operações de contrabando, contra-terrorismo marítimo e reforço de embargo. Na América Central e do Sul, unidades de operações ribeirinhas patrulham os principais cursos de água e ajudam no policiamento da costa. Nestas operações são levadas armas, mas usadas apenas em auto-defesa.
Operações benignas são melhores exemplificadas pelo trabalho do USMC e Fuzileiros Reais na América Central após a devastação do furacão Max em 1989. Operações benignas podem incluir assistência a refugiados, tarefas de construção e apoio a desastre. A combinação das habilidades e equipamentos médicos disponíveis na força anfíbia a torna ideais neste tipo de operação.
CFN x Pára-quedistas
Um princípio importantes da Doutrina militar é a inserção de forças nas áreas de retaguarda do inimigo para destruir a estabilidade e coesão das defesas. As operações anfíbias são um meio de se obter este objetivo durante operações no eixo costeiro.
Existe um longo debate no que seria o mais importante: soldados anfíbios ou aerotransportados. As duas forças podem realizar as operações descritas acima. As forças aerotransportadas (PQD) são úteis no caso de desembarque em profundidade no território ou diretamente no objetivo. Um bom exemplo é a Operação Leopardo onde os soldados do 2o Regimento Pára-quedista da Legião Estrangeira (2 éme REP) que soltaram em Kolwezi no Congo em 19 de maio de 1978. A operação foi realizada para liberar 2.300 engenheiros de minas Europeus e seus familiares tomados como reféns pela Frente de Libertação Nacional Congolesa que cruzaram a província de Shaba e capturaram a cidade. Contudo, a logística e recuperação das operações aerotransportadas podem ser muito complexas e se equipamentos e provisões pesadas tiverem que ser lançadas por ar, os pára-quedistas necessitaram da captura e manutenção de um aeroporto viável. Por outro lado, as forças anfíbias são muito mais auto-suficientes que as força aerotransportadas, apesar da velocidade de reação ser muito menor e dependendo da distância e tempo disponível, de uso questionável.
Assalto Aéreo
A doutrina do assalto aéreo foi desenvolvida no fim da Guerra da Coréia e aperfeiçoada na Guerra do Vietnã. Ela introduziu o princípio da manobra navio para o objetivo. O assalto aéreo permite que a área de assalto seja bastante variada podendo a força de assalto explorar lacunas nas defesas, atacar os flancos e retaguarda do inimigo. A área a ser defendida passa a ser muito maior e precisa de defesas muito mais numerosas com armas e sensores mais avançados.
Entre as vantagens do assalto aéreo temos:
- Velocidade, mobilidade e manobrabilidade superior;
- Flexibilidade - pode ser usado após o desembarque e não apenas durante ele;
- Surpresa e despistamento - as aeronaves decolam além do horizonte, podem usar o terreno e ficam pouco tempo expostas sobre a área de transito;
- Tem capacidade orgânica de evacuação aeromédica (EVAM), SAR e resgate. Leva os feridos após desembarcar tropas ou cargas quando próximo as tropas e além das praias;
- Tem poder de fogo orgânico, seja da própria aeronave ou de helicópteros de escolta;
- Opções de zonas de pouso expandido. Não se limita as praias e pode desembarcar sem tocar o solo (rappel);
- Complica o problema de defesa do inimigo. A área a ser defendida é imensamente maior pois inclui a região interior a praia. Nas embarcações convencionais, as praias apropriadas para o desembarque seriam as mais bem defendidas pelo inimigo. No assalto aéreo é bem provável de se encontrar as defesas dispersas e menos densas e o inimigo precisará de sistemas avançados para agir com eficiência.
- O desembarque pode começar um dia antes do no dia D+24 com a inserção de precursores e com desembarques "secos" onde a aeronave toca o solo e não desembarca tropas. O objetivo é dispersar as tropas inimigas na procura de tropas que não existem.
Entre as desvantagens temos:
- Limitação de carga (peso e volume). As embarcações de desembarque podem carregar um volume e peso muito superior aos helicópteros incluindo tanques pesados. São mais eficientes a longo prazo após o desembarque inicial e por isso não são descartados;
- Dependente das condições ambientais. Os helicópteros têm problemas para voar com mau tempo e a noite sendo necessário equipamentos especiais para isso;
- Vulnerabilidade. Os helicópteros são extremamente frágeis a danos de combate se comparados com as embarcações que possuem blindagem;
- Ingresso/egresso/convôo. Os helicópteros precisam se reabastecer com frequência muito maior e em locais próprios. Um ponto de reabastecimento na praia é um modo de diminuir esta necessidade de viagens até o navio mão;
- Necessidade de supressão de defesas aéreas (artilharia antiaérea/mísseis SAM/artilharia/metralhadoras). Por ser vulnerável os helicópteros precisam de um preparo da região a ser sobrevoada para eliminar as defesas especializadas e os armamentos normais encontrados no campo de batalha;
- Disponibilidade. Devido a complexidade mecânica dos helicópteros, sua disponibilidade é menor que as embarcações. As embarcações têm condições de operarem normalmente com equipamentos danificados;
- Navegação. Devido a alta velocidade de trânsito, os helicópteros tem o problema de navegação mais complexo e intenso sendo necessário maior treinamento e equipamentos especializados
- O consumo de combustível dos helicópteros é muito maior do que as embarcações e aumenta os problemas logísticos.
Entre as missões dos helicópteros durante o assalto anfíbio temos:
- Assalto - transporta tropas e equipamentos até a cabeça de praia;
- Logística de combate - transporte de munição, combustível, víveres e outras cargas;
- Mobilidade das tropas na praia. Permite que as tropas se desloquem mais rápido no interior a partir da cabeça de praia;
- Escolta - É feito por helicópteros armados ou especializados ou por aeronaves de asa fixa. Devem defender inimigos tanto no solo quanto no ar;
- Apoio aéreo aproximado. É feito por helicópteros armados ou por aeronaves de asa fixa;
- Evacuação médica - EVAM;
- Busca e salvamento - SAR;
- Reconhecimento visual e armado;
- Controle aéreo para operações de assalto aéreo de longo alcance;
- C3 para operações de assalto OTH de LCACs e outras embarcações anfíbias.
*Figura - Fases do assalto além do horizonte.
Operações Contra Desembarque Anfíbio
Num ambiente permeável como é o mar, é sempre possível a ocorrência de incursões ou de bombardeios navais inimigos sobre a área terrestre adjacente ao litoral. Essas incursões podem exigir a intervenção de forças destinadas à defesa do litoral, tais como: aviões de reconhecimento e ataque, navios armados de mísseis e força terrestre para se contraporem às ações de desembarque. No caso de uma operação anfíbia inimiga, deve ser considerada, também, a possibilidade de emprego de força terrestre de vulto.
As operações de defesa contra desembarque anfíbio são, normalmente, operações conjuntas ou combinadas em que estarão presentes forças navais, terrestres e aéreas. A defesa eficaz contra um desembarque anfíbio começa pela atuação da Força Naval e da Força Aérea contra a esquadra inimiga, o mais longe possível. Desse modo, envolve o emprego de meios heterogêneos, o que exige uma coordenação detalhada para cumprir a missão com o menor dispêndio de meios e maior eficiência.
A operação de desembarque anfíbio pelo inimigo tem como principal finalidade a conquista de cabeça-de-praia, para permitir o lançamento de ofensiva terrestre, seja no próprio TO (Teatro de Operações) ou na ZI (Zona Interior).
Dessa forma, o desembarque anfíbio inimigo possibilitaria o lançamento de uma força terrestre contra o flanco ou a retaguarda, obrigando as forças amigas a manobrar elementos de combate para enfrentá-lo.
O período de maior vulnerabilidade do desembarque anfíbio está compreendido entre a formação da força naval atacante para lançar as embarcações de desembarque e o início da conquista da cabeça-de-praia.
Para opor-se eficazmente a um desembarque anfíbio, a tropa defensora deverá procurar desgastar e desorganizar o inimigo pelo fogo durante seu deslocamento para a praia nas embarcações de desembarque, cobrar alto custo em perdas e danos na iminência do desembarque e, caso este se concretize, limitar a cabeça-de-praia e atacar para destruí-la.
Em resumo, para se deter uma operação de desembarque anfíbio inimiga, há necessidade de que:
- A Força Naval e a Força Aérea atuem, o mais longe possível, sobre a esquadra inimiga;
- Os meios de Artilharia da Força Terrestre atuem durante os preparativos para o desembarque e sua execução;
- A ForTer impeça a consolidação da cabeça-de-praia e expulse a força invasora;
- Haja uma integração de ações das Forças Armadas durante todas as fases.
*Figura - Invasão da Normandia na 2° Guerra mundial.
Navios de Guerra Anfíbia
Os navios de guerra anfíbia pertencem a quatro grandes categorias: navios de convés corrido/porta-helicóptero, Navio de Assalto Anfíbio, Navio de Desembarque Doca e Navio de Desembarque de Carros de Combate. Cada um tem um papel e importância única na tarefa de projeção de poder sobre terra. Existem outros que tem importância menor e também serão citados.
Os primeiros navios anfíbios modernos (Segunda Guerra Mundial) eram navios de transporte de passageiros adaptados para levar embarcações de desembarque (LCA). As tropas embarcavam nos LCAs através de redes no costado que serviam de escada adaptada. Este meio ainda é usado até hoje. Um exemplo recente foi a conversão de transatlânticos para o transporte de tropas pelos britânicos durante o conflito das Malvinas.
Outra inovação que surgiu na Segunda Guerra Mundial foi o Veículo de Assalto Blindado(AAV) que permitiu que as tropas desembarcassem em praias "quentes" com proteção da blindagem.
O próximo passo foram os Navios de Desembarque de Carros de Combate( NDCC - LST) que abicavam diretamente na praia para desembarcar veículos. Alguns LSTs foram convertidos para navio de apoio de fogo adaptado sendo armado com canhões e foguetes(LST(R)). A evolução partiu para os navios doca (NDD - LSD) que permitiam que as tropas, veículos e cargas embarcassem nos Embarcações de desembarque a partir de um local protegidos das intempéries.
Com o advento dos helicópteros surgiram os Porta-Helicópteros (LPH) e derivados que tinham a missão principal de servir de base para os helicópteros. Convém citar também os navios de carga anfíbia (LKA) que só participam após a cabeça de praia já ter sido conquistada e os navios de comando anfíbio que tem instalações espaçosas para os sistemas de comando, controle e comunicações necessários e acomodações.
Os navios de guerra anfíbia têm que ter corredores, escadas e porões amplos que permitam fácil acesso as armas e tropas com seus equipamentos aos hangares e locais de embarque. Também convém ter um estande de tiro interno.
Navios Anfíbios de Convés Corrido (LPH/LHA/LHD)
São projetados para embarcar, modificar a posição e desembarcar elementos de uma força de desembarque em um assalto por helicópteros e as vezes também em embarcações de desembarque e veículos anfíbios se tiver esta capacidade. O emprego das Embarcações de desembarque tem função secundária e em alguns é uma capacidade secundária. Navios de convés corrido são a peça central de grandes forças anfíbias.
Os LHA são porta-helicóptero para transporte e desembarque de 1.800 tropas com as aeronaves orgânicas e combinam as principais características do navio de carga de assalto, navio de transporte de helicópteros e o transporte anfíbio em um só casco. Essas características incluem uma cobertura de aterrissagem em toda extensão, um depósito dique para toda extensão, uma grande superfície de depósito de caminhões e veículos blindados e para alojamento de um batalhão reforçado. Também possuem um Sistema de Guerra Anfíbia Integrado de apoio computadorizado para o controle dos helicópteros, aeronaves, armas a bordo dos navios, sensores, navegação, embarcações de desembarque e guerra eletrônica.
Todo ARG (Amphibious Ready Group) da US Navy em deslocamento está centrada num desses navios. A USN tem dois tipos desses navios: o LHA(Navio de Assalto Anfíbio de Uso Geral) e o LHD (Navio de Assalto Anfíbio Multi-função). Uma ACE (Aviation Combat Element) de uma MEU (SOC) (Marine Expeditionary Unit (Special Operations Capable)) fica residindo a bordo desse navio. São pequenos porta-aviões que deslocam cerca de 40 mil toneladas se carregados completamente. Também tem docas para lanchas de desembarque. O LHA pode levar 4 LCU ou 1 LCAC enquanto o LHA leva 4 LCU ou 3 LCAC.
Os LPH são porta-helicópteros puros como o Iwo Jima e o HMS Ocean. São utilizados para transportar tropas e equipamentos para operações anfíbias e desembarcá-los por meio de helicópteros durante a fase de envolvimento do assalto.
*Figura 02 - O HMS Ocean é capaz de colocar 300 fuzileiros equipados a 70 km de distância. Pode lançar duas vagas de 6 helicópteros de tamanho médio em intervalos de 30 minutos.
*Figura 03 - Classe Tarawa e Wasp.
Navio de Assalto Anfíbio - LPD
O LPD (Navio de Transporte Doca) é um dos membros mais versáteis das forças anfíbias. Seu uso primário é para transporte de tropas e veículos blindados com espaço traseiro considerável. Combina as características do Transporte Anfíbio (LPA), Navio de Carga Anfíbia (LKA), e Porta-Helicóptero (LPH), Navio de Desembarque Anfíbio (LSD) e do Navio de Desembarque de Tanques (LST). Deve ter capacidade de levar helicópteros permanentemente. Não é bom em tudo, mas tem uma vasta variedade de capacidades. Tem uma doca corrida que leva LCU ou LCAC (pelo menos 1 do tipo) e um convôo com capacidade de armar e reabastecer helicópteros de ataque e assalto. Na US Navy, o LPD está abaixo dos LH na capacidade de levar tropa, mas serve como base para os SEALs e forças EOD. Devido a sua versatilidade, durante uma divisão de um ARG, o LPD pode conduzir operações independentes de pequena intensidade que envolve movimentos mar-terra navais e aéreas. Também serve como navio mãe para forças de operações avançadas (reconhecimento, forças especiais, reconhecimento de praia, ataques diversionários, etc). Por estar mais próximo da costa inimiga é mais bem protegido com blindagem, proteção QBR, sistemas de guerra eletrônica e de defesa ativa.
A maioria dos países tem LPD, centrando suas forças ao redor deles. Entre eles incluem a RN, até a entrada do HMS Ocean, França, Brasil, Espanha, Holanda, Rússia. Os 11 LPD americanos da classe Austin serão substituídos pelo San Antonio (12 navios). Outros entrarão em operação na Espanha, Holanda e França.
O estado de arte em termos de navio de assalto é o LPD-17 americano. Os 12 navios planejados desta classe irão substituir 41 navios antigos na US Navy. Comparativamente, serão 5.200 x 13.000 tripulantes dos navios antigos. A capacidade de carga será de 300 mil t x 525 mil t carga dos navios antigos. Será o navio de uma ARG que irá operar mais próximo da costa inimiga. Permanecerá a cerca de 45 km para operar o AAAV. Será a plataforma de escolha para os UAVs e helicópteros de escolta AH-1W. As plataformas primárias de aeronaves e LCAC serão o LHA e o LSD que ficam a 91-365 km. Ele pode agir sozinho funcionando como uma mini-MEU(SOC) pois tem todos os meios disponíveis. Leva uma LFOC para operar sozinho. No hangar podem ser levados dois CH-46, um CH-53 ou MV-22. Entre os meios de desembarque estão os barcos infláveis Rubber Duky (4 barcos). Como opera próximo da costa, estará mais ameaçado pelas defesas inimigas. Por isso terá capacidade furtiva. Seu RCS é 1/100 do LSD41. Tem capacidade de Engajamento Cooperativo (CEC), que é o uso coordenado de emprego de armas de GAA do grupo. Para defesa aproximada levará 4 metralhadoras .50 e 2 canhões de 25mm para serem usados principalmente contra pequenos barcos e mergulhadores. Para defesa aérea, terá um lançador vertical MK 41 com 16 células para o ESSM e lançadores RAM. Será equipado com sistema de guerra eletrônica completo.
*Figura 04 - LPD-17 San Antonio. O estado de arte em termos de navios anfíbios.
*Figura 05 - O Galícia é outro projeto recente de navio de assalto anfíbio.
Navio de Desembarque Doca - LSD/NDD
É um transportador de tanques e veículos. Foi desenvolvido para transportar as forças de tarefas anfíbias na zona de objetivo e lançá-la em embarcações de desembarque, carregadas com antecedência, os veículos anfíbios, juntamente com a tripulação e o pessoal da força de desembarque embarcado. É chamado de navio de desembarque, mas não encalha como o LST sendo apenas um transporte.
Sua principal característica é o dique/doca. A doca pode receber coberturas que funcionam com convôo e transporte de veículos. Pode-se instalar coberturas de entreposto para aumentar a capacidade de transporte de veículos, mas com redução da capacidade de transporte de embarcações de desembarque. O LSD se diferencia do LPD pela sua capacidade de transporte e serviço para os LCU e LCM, não tem instalações para manter helicópteros e leva poucas e tropas. Não tem a capacidade de C2 e de carga do LPD. Pode transportar cerca de 150-400 tropas embarcadas em embarcações de desembarque sem penetrar na área de assalto. Antes do LSD, o assalto anfíbio era conduzido por pequenos barcos que estacionavam ao lado dos transportes e as tropas desciam pela lateral do navio através de rede. Os LSDs introduziram uma forma dos fuzileiros e equipamentos embarcarem e desembarcarem ainda dentro do navio. Hoje, as tropas têm a opção de irem a terra pelo ar. Mas a necessidade de barcos de desembarque ainda existe. LCUs e LCACs são necessários para levar equipamento pesados, tanques e suprimentos até a terra. Eles liberam os helicópteros para o transporte de tropa.
Os LSD (ou LPD) levam Veículos de Assalto Anfíbio(AAV). Eles são transportes de tropas blindados anfíbios que se movem na água (lentamente) e na terra. Os AAVs são usados para onde uma força tem que entrar numa praia defendida (nunca a opção primária) se necessário. Usando a proteção e mobilidade eles podem se mover em terra, penetrar as defesas na praia e desembarcar tropas de assalto. As tropas saem pela traseira tendo cobertura do fogo inimigo vindo da frente. Enquanto o LSD tem a maior doca no ARG, sua capacidade de aviação é modesta. Tem um convôo, mas pouco suprimento para aviação como combustível e sem capacidade de manutenção e rearmamento. Quando um ARG se separa ele nunca fica sozinho. A USN tem 12 LSDs (8 Whidbey Island e 4 Harpers Ferry).
*Figura 06- LSD-41
*Figura 07 - LSD-49
LST - Os Transportadores de Tanque
O navio de desembarque de tanque é o navio anfíbio mais antigo. Seu trabalho é transportar e o desembarque de blindados e carros de combates que podem ser lançados por uma rampa na frente diretamente na praia. Pontões de 3x15m podem ser levados para ligar a rampa até a praia. Porém, eles ocupam muito espaço devido ao equipamento de segurança. Se um desembarque não for possível, será usado outros tipos de navio. Ainda são usados pela Royal Navy. Também podem ser usados para levar carga geral e/ou pessoal. O LST tem sido usado com plataforma flutuante para helicópteros, como navio de controle para evacuação de baias e, em caso de emergência, evacuação de prisioneiros de guerra.
LSM- Land Ship Medium
São navios anfíbios menores que transportam veículos, cargas e tropas. Estão entre o LST e o LCU em capacidade. É usado principalmente por marinhas pequenas.
LCC - Navio de Comando Anfíbio.
Pode levar tropas para o Elemento de Comando da ForDes. Os americanos operam o LCC 19 BLUE RIDGE e o LCC 20 MOUNT WHITNEY baseados na plataforma do Iwo Jima. São equipados com as seguintes instalações:
Ship Signals Exploitation Space (SSES), Flag Plot, Landing Force Operations Center (LFOC), Joint Intelligence Center (JIC), Supporting Arms Coordination Center (SACC), Helicopter Logistics Support Group (HLSG), Tactical Air Control Center (TACC), Helicopter Direction Center (HDC), and Helicopter Coordination Section (HCS).
LSL/LKA - Navio de Desembarque Logístico/ Navio de transporte de Carga de Assalto
Projetado para atuar no segundo escalão levando equipamentos, veículos e tropas. Normalmente tem uma rampa. Não fazem parte do assalto inicial.
LPA - Transporte de tropas.
Tem LCM e tropas embarcam pela lateral. A Espanha tem dois navios Classe Pus Revere transferidos da US Navy em 1980. Cada um pode levar 1.657 fuzileiros.
Capacidades dos Navios Anfíbios
- Capacidade de tropas - É o número de FzoN que pode acomodar, alimentar e apoiar confortavelmente. Esta capacidade pode ser aumentada por curtos períodos. Os leitos devem ter capacidade de serem convertidos em leitos de enfermaria;
- Área de veículos - É a área onde pode ser armazenados veículos mais espaço de manobra; Deve ser capaz de levar veículos e ter vias de acesso ou elevadores para doca, hangar e desembarque em portos;
- Área de carga - É o espaço para armazenamento de carga, suprimentos e equipamentos. Medida em metros cúbicos. Pode incluir combustível para veículos e aviação;
- Capacidade de lanchas de desembarque - É a quantidade de EDCG, EDVM, EDCP ou EDCA que pode levar na doca. Um tipo de embarcação é tomada como base, geralmente o maior;
- Capacidade de aeronaves - É o número de aeronaves que pode operar, armazenar e manter no convôo e hangar. Uma certa aeronave é tomada como base como o CH-46 no USMC. Um AH-1W ocupa 1/2 do espaço e um MV-22 ocupa 1.4 espaço equivalente. Esta capacidade pode ser aumentada por períodos mais curtos;
- Capacidade de apoio médico - Pode ser mínima para satisfazer as necessidades do navio ou possibilitar o recebimento de feridos numerosos e graves da cabeça de praia. O local deve estar próximo do convôo e doca e ter vias de acesso facilitadas. As instalações devem incluir UTI e centro cirúrgico. Um assalto pode gerar muitas baixas e por isso as instalações médicas são necessárias para receber as baixas das operações anfíbias e em apoio a missões humanitárias e de resgate.
O LHD tem 600 leitos hospital (300 no Tarawa). Quando no porto, em Virginia, Norfolk, é listado como sendo o 4o maior hospital do estado em caso de desastre e calamidade publica. Os leitos dos Marines podem desdobrar em mais 536 leitos. LPH-3 tem 300 leitos. O LPD-17 terá 2 salas de cirurgia e 100 leitos;
- Proteção ambiental - É um requisito mais atual. Como as FFAA tem a função de proteger o país este também inclui os ar, solo e mar de poluição.
- Capacidade de Comando e Controle (ver abaixo);
- Velocidade e autonomia - O navio deve ser relativamente rápido (velocidade de cruzeiro em torno de 20 nós) e ter longo alcance (ser capaz de percorrer 10.000 milhas na velocidade de cruzeiro sem reabastecimento);
- Capacidade de sobrevivência - Convém ter capacidade de autodefesa se for operar próximo a costa. Inclui defesa QBN, defesa ativa contra barcos de patrulha, lanchas suicidas, capacidade de reparar danos por minas, bombas e mísseis cruise.
Os navios anfíbios pode ser usados para outras finalidades e missões como navio hospital, navio de comando, transporte, guerra de minas (transporte, comando ou apoio de helicópteros de contraminagem) e navio escola. Os navios de convés corrido podem ter sua função mudada facilmente ao mudar a configuração do seu elemento aéreo. Eles podem ser usados como navios de controle de área marítima ao embarcarem aeronaves de caça e ataque de decolagem curta/vertical e helicópteros de Guerra Anti-submarina.
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Última edição por Cnshark em Ter Mar 18 2014, 22:29, editado 7 vez(es)